No apertado prazo de campanha no Reino Unido, com a eleição antecipada para 12 de dezembro, os principais contendores, o conservador Boris Johnson e o trabalhista Jeremy Corbyn, tiveram na terça-feira 19 seu primeiro debate na televisão. Antes, posaram de “gente como a gente” — Corbyn cortando o cabelo, Johnson vestindo luvas e fazendo de conta que treinava (de gravata) em visita de candidato a uma academia de boxe. O debate, que girou em torno do Brexit (tema do coração de Boris) e do serviço nacional de saúde (e aí Corbyn joga em casa), foi morno e rendeu mais risos irônicos que aplausos da plateia. A gargalhada foi especialmente alta quando 1) Corbyn prometeu pela enésima vez instituir a semana de quatro dias úteis e 2) Boris, que já foi pego torcendo a realidade em mais de uma ocasião, ao ser indagado se “a verdade importa” respondeu, muito sério: “Importa, sim”. Os conservadores permanecem mais de 10 pontos à frente nas pesquisas de intenção de voto, mas sua vantagem está diminuindo, enquanto os trabalhistas avançam. De qualquer forma, a confiança nesses levantamentos é muito baixa, diante de erros crassos em votações recentes. O sentimento mais nítido entre os eleitores britânicos é de desânimo, irritação e pouca esperança de que a eleição traga solução clara e incontestável para o principal problema do reino hoje: desatar o nó do Brexit. O próximo round entre Corbyn e Boris está marcado para 6 de dezembro.
Publicado em VEJA de 27 de novembro de 2019, edição nº 2662