Eleições na Bielorrússia: opositora não reconhece vitória de ditador
Noite de protestos contra a reeleição de Alexander Lukhashenko terminou com centenas de feridos e detidos
Após uma noite de protestos, que terminaram com centenas de feridos e detidos na Bielorrússia, a professora de inglês e opositora Svetlana Tikhanovskaya, de 37 anos, disse nesta segunda-feira, 10, que não reconhece a vitória do ditador Alexander Lukhashenko nas eleições de domingo 9. Segundo a autoridade eleitoral, dominada por partidários de Lukashenko, Tikhanovskaya recebeu 6% dos votos, enquanto o presidente 79,7%.
“Vou acreditar nos meus próprios olhos: a maioria foi por nós”, declarou Tikhanovskaya durante uma coletiva de imprensa em Minsk. “Vencemos o medo”, afirmou.
Tikhanovskaya afirmou durante sua campanha que não queria o poder que a Presidência iria lhe conferir, mas prometeu a libertação dos presos políticos, incluindo a de seu marido, Serguei Tikhanovski, que foi preso após ter anunciado ser candidato, um referendo constitucional e novas eleições em até seis meses.
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Clique e AssineA vitória de Lukashenko, que governa o país desde 1994 e seus decretos tem força de lei, era esperada, uma vez que, em eleições anteriores, não faltaram denuncias de fraudes e tentativas de ingerência no processo eleitoral.
Em 2001, na primeira reeleição de Lukashenko, a Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), entidade internacional que fiscaliza eleições no continente, denunciou “falhas fundamentais” no processo eleitoral, entre elas censura da mídia — a Bielorrússia ocupa a 153ª posição de 180 países no ranking de liberdade de imprensa feito pela organização Repórteres sem Fronteiras.
Lukashenko ameaçou os opositores pelas redes sociais. Disse que não permitiria uma nova “Maidan”, em referência aos protestos na Ucrânia em 2014 que derrubaram o governo pró-Rússia, apesar de reconhecer que “muitas pessoas querem isso”.
Durante a apuração dos votos, protestos irromperam pelas ruas de Minsk. Vídeos nas redes sociais mostram a ação da polícia, que usou gás lacrimogênio, canhões de água e balas de borracha. O presidente chamou os manifestantes de “ovelhas” sob influência estrangeira que “querem estragar o feriado”.