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Em 1ª entrevista após vitória, Trump martela plano de deportação em massa

O republicano prometeu expulsar dos EUA mais de 1 milhão de imigrantes por ano, dez vezes mais que o volume atual

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 nov 2024, 16h12 - Publicado em 8 nov 2024, 15h59

Em sua primeira entrevista como presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump afirmou na quinta-feira 7 que vai levar a cabo uma deportação em massa que foi promessa de campanha. Martelando que uma de suas prioridades ao assumir o cargo em janeiro é tornar a fronteira “forte e poderosa”, garantiu que implementará o plano independentemente do custo.

Durante a campanha, o republicano se comprometeu a expulsar do país mais de 1 milhão de pessoas por ano, dez vezes mais que o volume atual, o que ele chamou de “a maior deportação da história dos Estados Unidos”. Também indicou que vai proibir que os descendentes de estrangeiros nascidos no país obtenham cidadania automaticamente e despachar o exército para deter ilegais, ao invés de depender apenas de agentes de fronteira.

Sem limite de orçamento

Em entrevista à emissora americana NBC News Trump disse que seu governo não teria “escolha” a não ser executar os planos de deportação, e disse considerar que sua vitória sobre Kamala Harris, atual vice-presidente americana, permitirá que ele traga “bom senso” ao país.

“Obviamente, temos que tornar a fronteira forte e poderosa. Ao mesmo tempo, queremos que as pessoas entrem em nosso país”, disse ele, já atenuando levemente o discurso após sair do palanque. “E você sabe, eu não sou alguém que diz: ‘Não, você não pode entrar’. Queremos que as pessoas entrem.”

Questionado sobre o custo do plano, ele respondeu: “Não é uma questão de preço. Realmente, não temos escolha. As pessoas (imigrantes ilegais) matam e assassinam, os traficantes destroem países, e agora eles vão voltar para esses países porque não vão ficar aqui. Não tem preço”. Não há evidências de que estrangeiros cometam mais delitos do que cidadãos naturais dos Estados Unidos, e o FBI recentemente apontou uma queda no número de crimes no país.

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Um relatório do Conselho Americano de Imigração, uma empresa de pesquisa e política de direitos de imigração, estima que deportar até 1 milhão de imigrantes ilegais por ano custaria mais de US$ 88 bilhões (cerca de R$ 508 bilhões), totalizando US$ 967,9 bilhões (quase R$ 5,6 trilhões) ao longo mais de dez anos.

Não está claro quantos imigrantes sem documentos há nos EUA, mas o diretor interino do Imigração e Alfândega, Patrick Lechleitner, disse à NBC News em julho que algo do tipo seria um enorme desafio logístico e financeiro, possivelmente envolvendo várias agências federais, como o Departamento de Justiça e o Pentágono.

Novos eleitores

A vitória de Trump na quarta-feira 6 incluiu apoio recorde dos eleitores latinos, que costumavam votar no Partido Democrata. Entre os homens desse grupo, 54% votaram nele e 44% em Harris, a primeira vez que penderam para o lado republicano.

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Segundo Trump, sua postura dura sobre imigração é uma das razões pela qual ele venceu a corrida eleitoral.

“Eles querem ter fronteiras e gostam que as pessoas entrem, mas elas precisam entrar com amor pelo país. Eles precisam entrar legalmente”, afirmou à NBC News.

Trump também destacou a ampla gama de eleitores que ele atraiu, apontando para os ganhos entre os eleitores latinos, jovens, mulheres e asiático-americanos em relação ao pleito de 2020.

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“Os democratas não estão alinhados com o pensamento do país”, justificou o presidente eleito.

Transição de governo

Trump também comentou sobre os telefonemas com Harris e o presidente Joe Biden após a divulgação dos resultados da eleição.

“Telefonemas muito bons, muito respeitosos de ambos os lados da linha”, disse ele, acrescentando que Harris “falou sobre a transição, e ela disse que gostaria que fosse o mais tranquilo possível. Com o que concordo, é claro”.

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O republicano afirmou ainda que ele e Biden combinaram de almoçar juntos “muito em breve”.

Entre os líderes mundiais com quem falou ao telefone desde a quarta-feira – “provavelmente” 70, segundo ele –, ressaltou a “conversa muito boa” com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e acrescentou que “acha” que falará com presidente russo, Vladimir Putin.

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