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Em Bangladesh, dezesseis são indiciados por matar garota assediada

Nusrat Jahan Rafi, de 19 anos, foi ameaçada de morte se não retirasse a queixa contra o diretor da escola, preso por tentar abusá-la

Por Da Redação
Atualizado em 29 Maio 2019, 18h46 - Publicado em 29 Maio 2019, 16h16
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  • A polícia da cidade de Feni, em Bangladesh, acusou dezesseis pessoas por atearem fogo em Nusrat Jahan Rafi, uma bengali de 19 anos que havia denunciado o diretor de sua escola por abuso sexual em março deste ano. Entre os acusados estão dois políticos locais e estudantes da escola que ela frequentava.

    Segundo a polícia, o mandante do crime é Siraj Ud Doula, o diretor da escola, que foi preso após a denúncia. Ele ordenou o assassinato depois de Nusrat ter se recusado a retirar as queixas que fez contra ele.

    O plano de Doula era fazer o assassinato parecer um suicídio. Mas Rafi testemunhou ter sido enganada, levada ao telhado do prédio e atacada. Ela teve 80% do corpo queimado e morreu no dia 10 de abril.

    A denúncia e o assassinato

    No dia 27 de março, Rafi acusou o diretor de sua escola por tê-la chamado para sua sala e tocado em seu corpo de forma inapropriada. Após fugir do local, ela foi com sua família até uma delegacia de polícia e prestou queixa do ocorrido. Enquanto prestava depoimento, um oficial começou a grava-la sem autorização.

    Na gravação, a jovem estava visivelmente estressada. O policial dizia que a denúncia “não era grande coisa” e mandava ela tirar as mãos de seu rosto. Ele foi indiciado por divulgar ilegalmente o vídeo na internet.

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    Siraj Doula foi preso após o depoimento. Na prisão, recebeu várias pessoas e as instruiu a ameaçar Rafi para que a queixa fosse retirada. Caso isso não acontecesse, ela deveria ser morta.

    Nusrat Jahan Rafi
    Manifestação contra a morte de Nusrat Jahan Rafi em Daca, Bangladesh – 12/04/2019 (Mamunur Rashid/NurPhoto/Getty Images)

    O planejamento da morte foi minucioso e seu objetivo era aparentar suicídio. Segundo a polícia bengali, os acusados dividiram tarefas entre si e, em 6 de abril, dia do assassinato, enganaram a jovem e a levaram ao telhado da escola. Rafi disse, já na ambulância, que estudantes do colégio lhe contaram que um amigo estava sendo espancado no telhado.

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    Quando chegou ao local, ela foi abordada e pressionada a assinar um papel em branco para retirar a queixa. Como ela se recusou, foi amordaçada, embebida em querosene e incendiada.

    Na ambulância, temendo morrer, gravou um vídeo com o celular do irmão. Suas últimas palavras foram: “O diretor me assediou, vou lutar contra este crime até o meu último suspiro”. Morreu quatro dias depois.

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