Em sua primeira visita a Barcelona desde a declaração unilateral de independência da Catalunha, o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, convocou os catalães para as eleições para “restaurar a normalidade” da região, que está sob a administração do governo central desde a aplicação do artigo 155 da constituição. O premiê afirmou que o pleito, agendado para o dia 21 de dezembro, dará respaldo à economia e impedirá que mais empresas deixem o território.
“Queremos uma participação sólida para começar uma nova era política de tranquilidade, normalidade, convivência e respeito”, disse Rajoy em evento do braço catalão de sua sigla, o Partido Popular (PP), um dia após 750.000 pessoas saírem às de Barcelona para reivindicar a liberdade dos líderes separatistas catalães detidos no último mês pelo governo. “Devemos urgentemente trazer de volta a normalidade para a Catalunha … para reduzir a tensão social e parar de prejudicar a economia”.
Acompanhado pela ministra da Defesa, María Dolores de Cospedal, o premiê espanhol pediu à “maioria silenciosa” contrária à independência da Catalunha que vá às urnas para participar de eleições. A votação, segundo Rajoy, “será de verdade e terá todas as garantais democráticas” que estiveram ausentes no referendo, considerado ilegal por Madri, que determinou a separação da região. “Temos que recuperar a Catalunha sensata, negociadora, empreendedora e dinâmica, acolhedora e aberta, segura e confiável, respeitosa e respeitada que tanto contribuiu para o progresso da Espanha e Europa“, disse.
Segundo pesquisa divulgada neste domingo pelo jornal espanhol El País, a impressão de que a independência da Catalunha é possível caiu entre seus habitantes. Apenas 28% dos catalães acreditam que a independência é possível em um futuro próximo, ante 51% em outubro. Embora 69% dos cidadãos da região desaprovem a gestão da crise por Rajoy, a mesma proporção está de acordo com a convocação das eleições de dezembro.
Principais partidos pró-independência, o PDeCAT, do líder deposto Carles Puigdemont, que aguarda em liberdade condicional em Bruxelas o julgamento de extradição para a , e o ERC, que aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, confirmaram a participação no pleito. O CUP, outra agremiação que faz da separação da Espanha uma de suas principais bandeiras, decidiu neste domingo participar da eleição, considerada “ilegal” pelo partido.
(Com AFP e Reuters)