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Em documento a Paulo Guedes, Rússia pede ajuda do Brasil contra sanções

Em carta obtida pela agência Reuters, ministro das Finanças russo cita 'tentativas de discriminação em instituições financeiras internacionais'

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 abr 2022, 18h56 - Publicado em 15 abr 2022, 08h30

A Rússia pediu o apoio do Brasil no Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e G20 para conter as debilitantes sanções impostas pelo Ocidente em resposta à invasão da Ucrânia, de acordo com uma carta obtida pela agência de notícias Reuters.

De acordo com a agência, o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, escreveu ao ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, pedindo apoio brasileiro “para impedir acusações políticas e tentativas de discriminação em instituições financeiras internacionais e fóruns multilaterais”.

“Nos bastidores, uma iniciativa está em andamento no FMI e no Banco Mundial para limitar ou mesmo expulsar a Rússia de processos decisórios”, afirmou  Siluanov no documento.

+ Como a guerra na Ucrânia afeta a oferta de alimentos em todo o mundo

O documento, que não menciona a invasão à Ucrânia ou o conflito em andamento, data de 30 de março e foi entregue ao ministro brasileiro na quarta-feira 13 pelo embaixador russo em Brasília. Procurado pela Reuters, o secretário de Assuntos Econômicos Internacionais no Ministério da Economia, Erivaldo Gomes, indicou que Brasília gostaria que Moscou continuasse a fazer parte das discussões em organizações multilaterais.

“Do ponto de vista do Brasil […], manter o diálogo aberto é essencial”, disse Gomes. “Nossas pontes são as entidades internacionais e nossa avaliação é que elas precisam ser mantidas.

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Embora o Brasil tenha votado a favor de resoluções contra o governo russo na Organização das Nações Unidas, o governo segue uma estratégia de tentar evitar críticas diretas para aliviar possíveis impactos econômicos, sobretudo no setor agrícola.

Na semana passada, em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, o chanceler Carlos França afirmou que o Brasil poderia atuar como mediador para encerrar o conflito e voltou a criticar sanções econômicas aplicadas aos russos.

“O Brasil tem credenciais para ser mediador. Somos membros do Brics [bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul], somos um ator global, com tradição democrática, e temos uma diplomacia que se construiu ao longo de 200 anos como formadora de consensos e voz sempre respeitada na ONU”, disse o ministro aos senadores.

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Sobre as sanções, mesmo reconhecendo que a agressão da Rússia ao país vizinho é inadmissível, disse que as medidas econômicas são seletivas e prejudicam países fornecedores de alimentos, como o Brasil, que tenta conseguir fertilizantes.

“Eu até entendo o uso de sanções pela Europa e pelos EUA. No entanto, não posso deixar de estranhar a seletividade das sanções”, afirmou França. “Sanções tendem a preservar interesses imediatos de um pequeno grupo de países e prejudicam quem mais depende de importação de alimentos e tem menor capacidade financeira.”

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