Primeiro partido de extrema-direita da Espanha desde o fim da ditadura de Francisco Franco, em 1975, o Vox se recusou, nesta segunda-feira, 25, a assinar uma declaração suprapartidária da câmara dos vereadores da capital Madri que condena a violência contra a mulher. Nenhuma outra legenda havia agido assim há, pelo menos, 15 anos.
A Câmara Municipal de Madrid colocou o tema em pauta nesta segunda-feira, pois é o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. Segundo o Vox, “violência não tem gênero”. O partido de extrema-direita alega que leis sobre violência de gênero — que existem desde 2004 — são um “fracasso”, embora tenham levado a mais de 630 condenações.
A ação do Vox foi muito criticada pelos parlamentares municipais e pelos manifestantes que se mobilizavam pelas ruas de Madri em virtude da data comemorativa. “Não é política o que se fez aqui hoje; é postura”, criticou o prefeito de Madri, José Luis Martínez-Almeida, do partido de centro direita Partido Popular.
Desde 2004, quando foi instituída a lei conhecida como Ato Integrado de Medidas Protetivas contra a Violência de Gênero na esfera nacional, as autoridades da capital espanhola assinaram por unanimidade declarações de repúdio à violência contra a mulher. Sem o apoio unânime, a Prefeitura de Madri não pode firmar posicionamento institucional sobre a questão.
Mais de 1.000 mulheres foram mortas por seus parceiros ou ex-parceiros na Espanha desde 2003, quando tiveram início as estatísticas oficiais do governo. Em 2019, já foram 59. Além, 34 crianças foram mortas por seus pais ou padrastos e outras 275 se tornaram órfãs desde 2013, como reportou o jornal El País.
Nas eleições gerais do dia 10 de novembro, o Vox mais que dobrou o seu número de assentos na Câmara dos Deputados — principal órgão do Parlamento espanhol — e elegeu 52 candidatos. Assim, a legenda liderada se tornou a terceira maior na Câmara, que conta com um total 350 membros.