Em meio a ameaças, China pede que Taiwan promova ‘reunificação pacífica’
Menos de duas semanas antes da ilha democrática realizar eleições, Pequim classificou incorporação taiwanesa como 'inevitável'
Song Tao, chefe do gabinete de assuntos de Taiwan do governo China, lançou um apelo nesta terça-feira, 2, ao povo da ilha vizinha para promover o processo de “reunificação pacífica” com o território chinês. O pedido, porém, ocorre em meio a crescentes ameaças de Pequim contra a democracia insular e tensões elevadas no Estreito de Taiwan.
“A pátria acabará por ser reunificada, e inevitavelmente será reunificada”, disse Song em comunicado, acrescentando que “este é o desejo comum e a missão comum das pessoas de ambos os lados do Estreito de Taiwan”.
A autoridade chinesa afirmou ainda que o povo de Taiwan deve “promover as relações [com a China] através do Estreito para retornar ao caminho certo do desenvolvimento pacífico e promover o processo de reunificação pacífica da pátria”.
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A mensagem Tao chega menos de duas semanas antes de Taiwan realizar as eleições presidenciais e parlamentares, marcadas para o dia 13 de janeiro. O comunicado também ecoa observações do próprio presidente do país, Xi Jinping, que em seu discurso de Ano Novo afirmou que a “reunificação” da China com Taiwan era inevitável.
Resistência taiwanesa
O governo de Taiwan rejeita todas as reivindicações da China sobre a sua suposta soberania sobre o território da ilha. Tanto o Partido Democrático Progressista, que está atualmente no poder, como o maior partido da oposição, o Kuomintang, defendem que apenas o povo taiwanês pode decidir o seu futuro.
Pequim ofereceu a Taipei um modelo de autonomia que seguiria a fórmula de “um país, dois sistemas”, mas nenhum dos principais partidos taiwaneses apoiou essa ideia. Song reiterou o apoio do governo chinês à solução, enquanto rejeitou sua oposição à independência formal de Taiwan ou à “interferência de forças externas” – referindo-se a aliados como Estados Unidos e Japão.
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O princípio de “um país, dois sistemas” é o mesmo que se aplica sobre a administração governamental de Hong Kong e de Macau: apesar da prática do socialismo na China continental, as antigas colônias do Reino Unido e de Portugal, respectivamente, poderiam continuar a praticar o capitalismo sob um alto nível de autonomia por 50 anos após a reunificação.
Hong Kong, no entanto, foi alvo de uma lei de segurança nacional chinesa em 2020, que efetivamente colocou a cidade sob domínio completo de Pequim – um sinal de alerta para os taiwaneses.
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Pressão
A mensagem de Tao, porém, não fez qualquer menção às eleições, que o gabinete dos assuntos de Taiwan anteriormente havia classificado como uma “escolha entre a guerra e a paz”, referindo-se à possibilidade do voto em um partido pró-China.
Diante do pleito, o governo de Xi Jinping aumentou a pressão militar em torno da ilha ao longo de 2023, além de cortar uma série de benefícios tarifários para Taiwan e ameaçar novas formas de sanções econômicas.