Em meio à eleição, EUA vivem pior crise de violência política desde anos 1970
Ao menos 51 incidentes ocorreram neste ano, reflexo da acirrada e polarizante disputa entre Donald Trump e Kamala Harris pelo comando da Casa Branca
Ao menos 300 casos de violência política foram registrados nos Estados Unidos desde o ataque de apoiadores do ex-presidente Donald Trump ao Capitólio, em janeiro de 2021, na pior do tipo desde a década de 1970, mostram dados da agência de notícias Reuters divulgados nesta segunda-feira, 21. Desse número, 51 incidentes ocorreram neste ano, reflexo da acirrada e polarizante disputa pela Casa Branca entre Trump e Kamala Harris, atual vice-presidente americana.
Os casos começaram a crescer em 2016, ano da primeira disputa do candidato republicano. Em 2020, foram 93 casos de violência política, enquanto 2022 e 2023 registraram 79 e 76, respectivamente. Os incidentes deste ano não tiveram um elevado número de vítimas fatais – apenas duas foram registradas: Corey Comperatore, espectador morto durante o atentado contra Trump em um comício em julho, e seu atirador, Thomas Matthew Crooks.
A poucos dias das eleições presidenciais americanas, marcadas para 5 de novembro, dados obtidos pela Reuters marcam uma escalada de tensão no país. Em um dos episódios ilustrados na reportagem, um idoso de 74 anos foi agredido a socos por um homem, que não teve a identidade divulgada, por apoiar a campanha de Kamala no estado da Pensilvânia. Na ocasião, o agressor também teria destinado injúrias raciais contra a candidata democrata, que concorre para se tornar a primeira liderança feminina, e a primeira mulher negra, a governar o país.
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Episódios de violência
Em setembro, um homem do Michigan foi preso após agredir uma funcionária do Serviço Postal que entregou um panfleto da candidatura de Harris. Russell Valleau, 61, disse que “não queria aquela ‘vadia negra’ em sua caixa de correio”, segundo registros policiais e uma declaração do promotor do Condado de Oakland.
Em outro caso, um idoso de 81 anos foi atropelado enquanto colocava uma placa em apoio a Trump no jardim de sua casa, no Michigan. Alguns incidentes superam as divergências partidárias, como agressões relacionadas à guerra entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas. Também em setembro, Caleb Gannon, ativista da causa palestina, deu início a vaias em um comício pró-Israel em Newton, Massachusetts. Em seguida, ele gritou: “Vocês estão apoiando o genocídio!”, atacando Scott Hayes, apoiador do estado judaico, em seguida.
Os 300 casos identificados pela Reuters partiram de registros de crimes violentos a partir do ataque ao Capitólio. A maioria das informações foi descoberta pelo projeto Armed Conflict Location & Event Data Project, administrado por um grupo de pesquisa apartidário em Wisconsin. Outros episódios foram selecionados por repórteres, baseados em bancos de dados de notícias, autos de processos judiciais e relatórios policiais através de solicitações de registros públicos. Não há dados governamentais sobre violência política.