O presidente dos Estados Unidos Donald Trump embarcou para o exterior nesta sexta-feira, em uma viagem que a Casa Branca espera que desvie o foco dos mais recentes escândalos nacionais. Contudo, o turbilhão político que envolveu Washington desde a demissão do diretor do FBI James Comey promete ofuscar os encontros e visitas internacionais.
As alegações de que Trump pressionou Comey para que ele parasse de investigar o ex-assessor de segurança nacional Michael Flynn e a indicação subsequente de um assessor especial para analisar as acusações de interferência da Rússia na eleição de 2016 abalaram a nova administração.
“Não vemos a hora de deixar toda esta situação para trás”, disse Trump em uma coletiva de imprensa na Casa Branca, na quinta-feira. Mas a turnê no exterior, sua primeira viagem internacional desde que tomou posse em janeiro, parece não ser suficiente para cessar as discussões e acusações sofridas pelo presidente americano.
O roteiro
Trump aterrissará em Riade, capital da Arábia Saudita neste sábado. Lá, o presidente faz uma aposta arriscada ao decidir discursar para mais de 50 líderes de países muçulmanos sobre o Islã. “Vou chamá-los a combater o ódio e o extremismo”, prometeu antes, citando uma “visão pacífica do Islã”.
O presidente seguirá para Israel, onde espera impulsionar a ideia de um acordo de paz com os palestinos. Deve se reunir com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na cidade de Jerusalém na segunda-feira (22) e com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, em Belém, na Cisjodânia, na terça (23).
Esta parte da viagem promete despertar alguma tensão, após as mais recentes acusações de que Trump teria divulgado informações secretas sobre Israel ao ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov. Declarações feitas por um funcionário americano responsável por organizar a viagem também estremeceram as relações entre as duas administrações. O oficial disse que o Muro das Lamentações, local sagrado do judaísmo, não está localizado em Israel, e sim na Cisjordânia, território habitado majoritariamente por palestinos.
O itinerário da viagem de oito dias inclui ainda Roma e Sicília, na Itália e Bruxelas, na Bélgica.
Em Roma, encontrará com o papa Francisco no Vaticano , uma reunião que terá um aspecto singular, uma vez que as posições dos dois líderes são diametralmente opostas em questões como a imigração, refugiados ou mudanças climáticas.
Trump, que semeou confusão com declarações contraditórias sobre o Brexit, o futuro da União Europeia e o papel da Otan, encerará a turnê com uma reunião cúpula da Aliança Atlântica em Bruxelas e outra do G7 em Taormina, na Sicília.
Quebra de tradições
Em seus primeiros meses na Casa Branca, Trump rompeu com muitas tradições e convenções. E em sua viagem inaugural para o exterior não fez diferente. O republicano é o único presidente na história dos Estados Unidos que escolheu um país no Oriente Médio para seu primeiro roteiro oficial internacional.
Trump também é o primeiro presidente desde Jimmy Carter, que governou até 1981, cujo primeiro destino no exterior não será o México ou o Canadá. Carter visitou a Inglaterra em maio de 1977.
Até o momento, o líder americano havia delegado todos os encontros internacionais para seus principais assessores e membros do Gabinete, entre eles o vice Mike Pence, que viajou duas vezes ao exterior, o assessor de segurança nacional H. R. McMaster e o secretário de Estado Rex Tillerson. Depois de 119 dias ocupando o cargo, Trump se tornou o presidente que mais demorou para fazer sua primeira viagem internacional nos últimos 50 anos.
(Com Reuters e AFP)