Em sua primeira reunião cara a cara, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seu colega chinês, Xi Jinping, sinalizaram nesta segunda-feira, 14, uma abertura para reparar suas relações bilaterais. A diplomacia entre as potências que atingiu seu ponto mais baixo em décadas, em meio a tensões sobre a ilha autônoma de Taiwan, guarnecimento de tecnologia, a guerra na Ucrânia e visões divergentes da ordem global.
“Estou ansioso para trabalhar com você, Senhor Presidente, para trazer as relações da China com os Estados Unidos de volta ao caminho da saúde e do desenvolvimento estável, para o benefício de nossos dois países e do mundo como um todo”, disse Xi a Biden no início da cúpula do G20 na Indonésia.
O líder chinês completou que o atual estado das relações entre os países não é do interesse de ambos “e não é o que a comunidade internacional espera de nós”. “Precisamos encontrar a direção certa para o relacionamento bilateral daqui para frente e elevar o relacionamento”, completou.
Biden disse que é importante “gerenciar nossas diferenças” e “evitar que a concorrência se transforme em conflito”. Segundo o americano, “não há substituto para a comunicação cara a cara” e ele espera que ambos os países possam encontrar “maneiras de trabalhar juntos em questões globais urgentes que exigem nossa cooperação mútua”.
A reunião, na véspera de uma reunião dos líderes do Grupo dos 20, ocorre meses depois que a China, em retaliação a uma visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, realizou semanas de exercícios militares pesados para intimidar a ilha. Já a Casa Branca impôs restrições comerciais à China, destinadas a prejudicar sua capacidade de produzir chips de computador mais avançados.
+ Por que a China impede até poderosos como Nancy Pelosi de ir a Taiwan?
Biden elencou a China como adversário estratégico, com “a intenção de remodelar a ordem internacional”, enquanto Xi alertou para um mundo cada vez mais perigoso no qual inimigos – implicitamente, os Estados Unidos e seus aliados – pretendem “exercer pressão máxima sobre a China”.
Para agravar as tensões está a parceria entre Pequim e Moscou, que permaneceu firme mesmo após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Altos funcionários da Casa Branca disseram na manhã de segunda-feira que essa reunião foi marcada após um mês de “diplomacia silenciosa” e planejamento intenso. Ainda assim, as expectativas de qualquer acordo substancial são modestas.
+ ‘Estados Unidos não serão intimidados pela China’, diz Casa Branca
O presidente americano enquadra a reunião como uma tentativa de “criar um terreno” entre os dois países, em vez de encontrar um terreno comum. Daniel Russel, um ex-diplomata americano que acompanhou Biden em reuniões com Xi quando ainda era vice-presidente no governo de Barack Obama, disse que ambos os lados estão buscando “abaixar a temperatura em um relacionamento superaquecido”.
Biden realizou cinco chamadas telefônicas e de vídeo com Xi desde o início de 2021, mas as conversas de segunda-feira foram as primeiras em pessoa desde 2017. O último presidente dos Estados Unidos que Xi encontrou pessoalmente foi Donald Trump, em 2019.
“Eu conheço Xi Jinping, ele me conhece”, disse Biden no fim de semana, acrescentando que eles sempre tiveram “discussões diretas”.