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Em Mianmar, budistas mataram rohingyas e queimaram suas casas

Moradores budistas que consideram a minoria muçulmana como imigrantes indesejáveis de Bangladesh assumiram as mortes ocorridas em setembro

Por Reuters
Atualizado em 9 fev 2018, 12h54 - Publicado em 9 fev 2018, 12h43

Amarrados juntos, dez cativos rohingyas viram seus vizinhos budistas cavarem uma vala. Pouco depois, na manhã de 2 de setembro, todos os dez estavam mortos. Ao menos dois deles morreram decapitados por moradores budistas, e os outros foram baleados por soldados, segundo relataram dois daqueles que abriram a vala.

As mortes marcaram mais um episódio da violência que assola o Estado de Rakhine, no norte de Mianmar. Os rohingyas acusam o Exército de cometer incêndios criminosos, estupros e assassinatos. A Organização das Nações Unidas (ONU) disse que o Exército pode ter cometido genocídio. Mianmar diz que sua “operação de libertação” é uma resposta legítima a ataques de insurgentes.

Os rohingyas afirmam estar presentes em Rakhine há séculos, mas grande parte dos habitantes do país de maioria budista os considera imigrantes muçulmanos indesejáveis de Bangladesh. O Exército se refere aos rohingyas como “bengalis”, e a maioria não tem cidadania.

Nos últimos anos o governo confinou mais de 100.000 rohingyas em campos onde têm acesso limitado à alimentação, remédios e educação. Desde agosto, quase 690.000 deles fugiram de seus vilarejos e cruzaram a fronteira com Bangladesh.

A Reuters apurou o que aconteceu nos dias que antecederam o massacre em Inn Din, amparando-se pela primeira vez em entrevistas feitas com moradores budistas que confessaram ter incendiado casas de rohingyas, enterrado corpos e matado muçulmanos.

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Esta foi a primeira vez em que soldados e policiais paramilitares foram implicados por testemunhos de agentes de segurança. Três fotos, fornecidas à Reuters por um ancião budista de um vilarejo, flagraram momentos cruciais, da detenção de homens rohingyas por parte de soldados no início da noite de 1º de setembro à sua execução pouco depois das 10h do dia seguinte.

A investigação da Reuters levou autoridades policiais a prenderem dois dos repórteres da agência, Wa Lone e Kyaw Soe Oo, em 12 de dezembro, por supostamente terem obtido documentos confidenciais relacionados à Rakhine. No dia 10 de janeiro os militares emitiram um comunicado que confirmou parte do que a Reuters estava se preparando para relatar, admitindo que 10 homens rohingyas foram massacrados em Inn Din.

Mas a versão dos militares para o acontecimento é refutada em aspectos importantes por relatos fornecidos à agência por budistas de Rakhine e testemunhas rohingyas.

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