O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, afirmou nesta terça-feira, 1, que está livre por ter se declarado “culpado de jornalismo”, em referência ao caso de divulgação de documentos sigilosos do governo dos Estados Unidos. Em seu primeiro discurso desde que foi libertado de uma prisão no Reino Unido, e junho deste ano, ele disse ao Comitê de Assuntos Jurídicos e Direitos Humanos do Conselho da Europa que teve de escolher pela “liberdade em vez de uma justiça irrealizável”.
“Estou livre hoje, depois de anos de prisão, porque me declarei culpado de jornalismo, me declarei culpado de buscar informações de uma fonte, me declarei culpado de obter informações de uma fonte e me declarei culpado de informar ao público quais eram essas informações”, declarou Assange, depois de se desculpar por não estar “totalmente preparado” para falar sobre o que vivenciou na prisão.
Ele apontou também que foi “formalmente condenado por uma potência estrangeira por pedir para receber e publicar informações verdadeiras sobre essa potência, enquanto estava na Europa” e que “jornalistas não devem ser processados por fazerem seu trabalho”, o que definiu como uma “questão fundamental simples”.
O ativista se declarou culpado de conspiração para obter e divulgar informações confidenciais e foi condenado a uma sentença de 62 meses — que é igual ao tempo que ele já cumpriu no Reino Unido enquanto lutava contra a extradição para os EUA. O período foi contabilizado e, assim, foi oficialmente libertado e retornou à Austrália, seu país natal.
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Entenda o caso
Assange e o WikiLeaks se tornaram famosos em 2010 com a publicação de quase 700 mil documentos militares e diplomáticos confidenciais que deixaram os EUA em uma situação difícil. As revelações no site expuseram crimes de guerra dos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão, arquivos sobre detenções extrajudiciais na prisão de Guantánamo, comandada pelos EUA em uma ilha em Cuba, e telegramas diplomáticos que revelaram abusos de direitos humanos em todo o mundo.
O Departamento de Justiça americano definiu a divulgação indevida como “um dos maiores comprometimentos de informações confidenciais na história dos Estados Unidos”. As revelações deixaram Washington em uma saia justa, mas Assange não foi detido imediatamente. Em 2012, o jornalista pediu asilo à Embaixada do Equador em Londres, onde permaneceu até 2019, quando diplomatas permitiram a sua prisão em razão do seu mau comportamento.