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Em prisão domiciliar, ex-presidente Uribe renuncia ao Senado da Colômbia

Ex-mandatário diz ser vítima de 'vazamentos seletivos a adversários políticos' e de violações de garantias processuais

Por Da Redação 18 ago 2020, 20h26

O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe, em prisão domiciliar por determinação da Suprema Corte, que o investiga por suspeita de manipulação de testemunhas, anunciou nesta terça-feira, 18, sua renúncia ao cargo que ocupava no Senado desde 2014. Em uma carta dirigida ao Parlamento, Uribe justifica sua decisão diante da impossibilidade “de poder retornar ao Senado” por conta de sua condição como parlamentar. 

“Escrevo-lhe para apresentar a minha renúncia ao Senado da República”, disse Uribe, de 68 anos, em uma carta enviada ao presidente do Senado, Arturo Char. “A luta pela defesa da liberdade da Colômbia é um imperativo inalienável”.

No documento, o ex-presidente, que governou de 2002 a 2010, disse ser vítima de “interceptações legais e dolosas e vazamentos seletivos a adversários políticos”, além de citar violações de garantias processuais.

Com a renúncia de Uribe ao Senado, o Partido Centro Democrático, que tem 51 das 280 cadeiras do Congresso, perde seu principal líder em um momento em que o presidente Iván Duque tenta impulsionar reformas econômicas e sociais para enfrentar os efeitos da pandemia da Covid-19. 

Senador mais votado e líder do Centro Democrático, Uribe havia deixado o cargo na Câmara alta em julho de 2018, quando a Suprema Corte o convocou para depor no âmbito do processo que levou à sua prisão preventiva no começo de agosto. Então, o ex-mandatário tentou se esquivar da competência da Suprema Corte, que critica com veemência por suposta parcialidade, para ficar sob a lupa da Procuradoria. Ele desistiu após a renúncia e o processo seguiu seu caminho na única instância com poderes para investigar congressistas na Colômbia.

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Ainda é incerto se a saída permitirá ao Senado evitar a ação do tribunal, que determinou sua prisão em 4 de agosto, enquanto decide se o convoca a julgamento por suposta manipulação de testemunhas contra o parlamentar de esquerda Iván Cepeda.

A ordem de prisão contra Uribe intensificou a polarização política no país, principalmente acerca do sistema judiciário do país. É a primeira vez que a Suprema Corte priva um ex-presidente de liberdade. 

Duque e outros aliados do ex-presidente pediram para o tribunal permitir que Uribe se defende em liberdade e argumentam que a prisão domiciliar é injusta. Eles comparam a privação de liberdade com ex-líderes das desmobilizadas Farc que tiveram liberdade concedida por outro tribunal, mesmo enquanto processos por crimes de guerra avançavam.

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