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Em protestos, australianos pedem a renúncia de primeiro-ministro

Quatro meses de queimadas provocaram 28 mortes; premiê Morrison é acusado de demorar a responder à crise

Por Vinicius Novelli Atualizado em 10 jan 2020, 14h56 - Publicado em 10 jan 2020, 13h51
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  • Indignadas como os piores incêndios florestais da Austrália, cerca de 30.000 pessoas foram às ruas nesta sexta-feira, 10, para pedir a renúncia do primeiro-ministro conservador, Scott Morrison, acusado de demorar a dar uma resposta à atual crise ambiental. Iniciados em setembro, os incêndios mataram 28 pessoas até esta sexta-feira e devastaram 100.000 quilômetros quadrados de floresta do país, colocando em risco populações rurais e urbanas e a biodiversidade do país.

    Reunidos nas principais cidades do país – Melbourne, Sidney, Brisbane e Perth –, os manifestantes atenderam as convocações de grupos ativistas, entre os quais o australiano Estudantes pelo Clima e o britânico Extinction Rebellion.

    “Estamos protestando porque esses incêndios não têm precedentes, estão queimando desde setembro, e precisamos de ações urgentes contra isso e a crise climática”, disse Anneke De Manuel, uma das organizadoras do protesto.

    Além da renúncia de Morrison, os manifestantes pedem que o governo pare com a exploração de carvão mineral e outros combustíveis fósseis e que invista mais na substituição dessa indústria por tecnologias de energias renováveis.

    Protesters demonstrate over Australia’s bushfires crisis, in London
    Manifestante australiano ergue placa em que se lê “negar não é uma política”; em outro cartaz está a frase “onde há inação da política mudança climática, há fogo” – 10/01/2020 (Henry Nicholls/Reuters)
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    O carvão mineral é o principal produto de exportação da Austrália, terceiro maior fornecedor desse minério mundo afora. Por causa do uso doméstico dessa fonte de energia, o país figura entre os maiores poluidores do planeta e como responsável por 1,3% das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.

    Morrison é um ávido defensor da indústria do carvão. Enquanto ministro da Fazenda no governo anterior, chegou a levar ao Parlamento um pedaço de carvão para defender o setor como uma das maiores fontes de empregos do país. Eleito primeiro-ministro em maio de 2019, seu governo conservador aprovou a construção de uma polêmica mina de carvão no Estado de Queensland, seu principal curral eleitoral.

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    O primeiro-ministro se enquadra entre os que não acreditam no aquecimento global. Defende sua política ambiental ao dizer que os incêndios florestais, a mudança climática e a industria de carvão não têm nenhuma relação direta. Mas, ao longo do século XX, a temperatura média na Austrália subiu cerca de 1° Celsius, segundo o Escritório de Meteorologia do governo, enquanto o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organização que reúne cientistas do mundo todo, diz que é extremamente provável que a concentração de gases estufa na atmosfera tenha sido a responsável pelo aumento na temperatura do país.

    O governante também afirma que o país vem diminuindo suas emissões de carbono ao longo dos anos. Mas, segundo dados da Agência Internacional de Energia (AIE), a Austrália aumentou em 1,8% a emissão dos gases de efeito estufa de 2013 a 2018, quando totalizaram 383 milhões de toneladas.

    As relações públicas do primeiro-ministro tampouco o ajudam. No dia 15 de dezembro, os australianos acordaram com a notícia de que Morrison estava de férias no Havaí. Ele antecipou seu retorno no dia 19, quando dois bombeiros morreram combatendo as chamas.

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