Em raro protesto na China, Xi é criticado antes de congresso histórico
'Removam o ditador e traidor nacional Xi Jinping', dizia um banner; 20º Congresso do Partido Comunista da China deve dar terceiro mandato a Xi
Um raro protesto contra o presidente da China, Xi Jinping, e as duras restrições do país contra a Covid-19, ocorreu em Pequim nesta quinta-feira, 13, dias antes de um histórico congresso do Partido Comunista para decidir se o líder ganhará um terceiro mandato.
Imagens mostram duas faixas de protesto em uma ponte no noroeste da cidade. O protesto parecia ter sido rapidamente reprimido pelas autoridades.
Photos online purport to show a rare protest in Beijing’s Haidian district just ahead of the 20th Party Congress.
Extraordinary given pre-Congress security + surveillance
Among the slogans: ‘Don’t want PCR tests, want to eat’
‘Don’t want a Cultural revolution, want reforms’ pic.twitter.com/9RwyDb36RM
— Bill Birtles (@billbirtles) October 13, 2022
A frustração dos chineses vem crescendo, especialmente na capital, à véspera do congresso, marcado para começar no dia 16 de outubro. Houve uma onda de críticas online em relação às medidas restritivas da pandemia, conhecidas como política de “Covid-zero”.
As autoridades restringiram o acesso à cidade, barrando muitos viajantes, entregas e os próprios residentes que tentam retornar a Pequim. Muitos tiveram sua liberdade de movimento dentro da capital reduzida, ou foram forçados a ficar em quarentena.
Vários incidentes recentes, incluindo um acidente de ônibus que matou 27 pessoas que estavam sendo transportadas para campos de quarentena, provocaram indignação pública.
As imagens e filmagens do protesto circulando nas redes sociais mostram dois grandes banners em uma ponte no distrito de Haidian, em Pequim. Um dizia: “Sem teste de Covid, queremos comer. Sem restrições, queremos liberdade. Sem mentiras, queremos dignidade. Sem Revolução Cultural, queremos reforma. Sem líderes, queremos votos. Não sendo escravos, podemos ser cidadãos.”
O outro pediu aos chineses que “façam greve na escola e no trabalho, removam o ditador e traidor nacional Xi Jinping”. Um vídeo mostrou nuvens espessas de fumaça, sem origem identificada, na ponte e um homem podia ser ouvido cantando slogans em um alto-falante.
O 20º Congresso do Partido, com duração de uma semana, reunirá cerca de 2.300 altos funcionários e delegados do partido na capital. Espera-se que Xi Jinping receba um terceiro mandato, quebrando uma tradição de décadas e reforçando seu já firme controle do poder.
Diante do evento, a segurança foi reforçada em Pequim. A polícia paramilitar patrulha estações de metrô e bairros próximos ao Grande Salão do Povo, onde será realizado o congresso, enquanto autoridades reprimem o uso de redes privadas virtuais que contornam os firewalls da China, para restringir o acesso à internet além do controle do Partido Comunista.
A frustração está em desacordo com o clima de celebração do 20º Congresso do Partido exibido na mídia e nas instituições estatais. Banners vermelhos do congresso apareceram na capital e aplicativos de celular populares mudaram suas cores de exibição para vermelho. Um drama que recapitula os destaques dos últimos 10 anos do governo de Xi começou a ser exibido no horário nobre da televisão.