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Em Ruanda, Macron reconhece responsabilidade da França em genocídio de 94

Presidente francês afirmou que país 'não foi cúmplice', mas permitiu 'por tempo demais que o silêncio prevalecesse'

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 Maio 2021, 09h37 - Publicado em 27 Maio 2021, 09h11

Em viagem a Ruanda nesta quinta-feira, 27, o presidente Emmanuel Macron reconheceu “as responsabilidades” da França no genocídio de 1994, que matou ao menos 800.000 pessoas. Segundo o líder, seu país “não foi cúmplice”, mas “durante demasiado tempo prevaleceu o silêncio sobre o apuramento da verdade”.

“Ao estar, com humildade e respeito, ao vosso lado, neste dia, venho reconhecer as nossas responsabilidades”, afirmou Macron em seu discurso, proferido após uma visita ao museu memorial do conflito.

“Reconhecer este passado é também e acima de tudo continuar o trabalho da justiça. Comprometendo-nos a assegurar que ninguém suspeito de crimes de genocídio possa escapar”, disse. “Neste caminho, apenas aqueles que atravessaram esse período obscuro possam talvez perdoar”, concluiu, pedindo perdão em nome de seu governo.

O presidente ruandês Paul Kagame saudou o discurso como um “importante passo em frente no sentido de uma compreensão comum do que aconteceu”.

Massacres étnicos

O genocídio do Ruanda foi um dos piores massacres étnicos da história recente e resultou na morte de mais de 800.000 tutsis e hutus moderados em cerca de cem dias. Os conflitos tiveram início após os assassinatos do então presidente de Ruanda, Juvénal Habyarimana (hutu), e do Burundi, Cyprien Ntaryamira (hutu), quando o avião em que viajavam foi abatido sobre Kigali.

O papel da França antes, durante e depois do genocídio tem sido um tema controverso durante anos. Segundo historiadores, porém, o então presidente socialista François Mitterrand e seu governo fecharam os olhos diante da campanha violento do governo hutu, que Paris apoiava na época. O posicionamento do país europeu levou inclusive a uma ruptura nas relações diplomáticas com Kigali entre 2006 e 2009.

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