Em um momento crítico de votação sobre o Brexit, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, perdeu sua maioria no Parlamento britânico quando o deputado conservador Phillip Lee desertou para as fileiras dos democratas-liberais pró-União Europeia nesta terça-feira, 3.
“Os liberais democratas têm o prazer de anunciar que o deputado Phillip Lee, de Bracknell, se juntou a nós”, afirmaram as lideranças do Partido Liberal Democrata por meio de comunicado.
“O governo conservador está buscando um Brexit prejudicial, colocando vidas em risco e ameaçando injustificadamente a integridade do Reino Unido”, declarou o próprio Lee, ex-ministro da Justiça, no mesmo texto. “Mais do que isso, está minando a economia, a democracia e o papel no mundo do nosso país. Ele está se valendo de manipulação política, pressionando e mentindo.”
Lee seguiu a mesma decisão da deputada Sarah Wollaston, que também desligou-se dos conservadores (Tory) para aliar-se aos liberais democratas. Com isso, esse partido de oposição totaliza 15 parlamentares.
Em outra seara dentro do Parlamento, o presidente da Câmara dos Deputados, John Bercow, colocou em pauta nesta terça-feira projeto para permitir a seus colegas controlar a agenda da Casa, antes uma prerrogativa do governo. Na quarta-feira, será votada a obrigação a Johnson de conseguir a prorrogação do início da vigência do Brexit se não conseguir um acordo com os europeus até 31 de outubro.
Johnson antecipou-se ao dizer que, se o Parlamento aprovar ambas as medidas, irá antecipar a eleição para o Legislativo – que seria a terceira em quatro anos.
O enfrentamento entre Johnson e os parlamentares se dá justamente no primeiro dia de retorno do recesso de verão. Na segunda-feira 2, o primeiro-ministro sublinhou que não pedirá à União Europeia a prorrogação do prazo do Brexit. Os europeus tampouco se mostram abertos a essa possibilidade, depois de terem fechado um acordo com a ex-primeira-ministra Theresa May.
Johnson é um dos mais radicais defensores do Brexit, participou intensamente da campanha em favor da saída do Reino Unido da União Europeia no referendo de 2016 e sublinhou várias vezes estar disposto a levar adiante esse processo mesmo sem um acordo com os europeus.
A ausência de acordo sobre regras de transição para o total divórcio tenderá a conduzir o Reino Unido a uma crise econômica e a novas tensões entre a Irlanda (parte da União Europeia) e a Irlanda do Norte, britânica.
O primeiro-ministro promete fazer sua primeira visita a Irlanda na próxima semana. “Discutirei com o primeiro-ministro Leo Varadkar quando o vir em Dublin na segunda-feira”, afirmou ao Parlamento.