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Embaixador francês ironiza Bolsonaro após crítica sobre imigração

Presidente eleito afirmou que se tornou “insuportável viver” na França e citou a “intolerância dos imigrantes”

Por Da Redação
20 dez 2018, 14h50

O embaixador francês nos Estados Unidos ironizou nesta quarta-feira 19 comentários feitos pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, de que a vida na França havia se tornado “insuportável” por causa da imigração.

Gérard Araud respondeu a Bolsonaro comparando os altos índices de violência entre as duas nações. “63.880 homicídios no Brasil em 2017, 825 na França. Sem comentários”, escreveu o embaixador no Twitter.

O caso foi mais um episódio de uma relação cada vez mais complicada entre o novo governo brasileiro e Paris. Ao explicar o motivo pelo qual ele não iria aderir ao Pacto da ONU para a Migração, o presidente eleito usou o exemplo do país europeu para explicar o impacto da entrada de estrangeiros.

“Todo mundo sabe o que está acontecendo com a França. Está simplesmente insuportável viver em alguns locais da França. E a tendência é aumentar a intolerância. Os que foram para lá, o povo francês acolheu da melhor maneira possível. Mas vocês sabem da história dessa gente, né?”, disse o presidente eleito.

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“Querem fazer valer sua cultura, os seus direitos e os seus privilégios e a França está sofrendo com isso e parte da população, parte das Forças Armadas, parte das instituições começam a reclamar no tocante a isso”, disse.

Bolsonaro não chegou a esmiuçar seus argumentos nem o que quis dizer por “essa gente”.

A França registrava, em 2013, a presença de 12,5 milhões de imigrantes e seus filhos nascidos no país, o equivalente a 19,3% da população, segundo o Ministério do Interior. A maioria tem como origem o Magreb e a África subsaariana e, como tal, segue o islamismo. Desde 2015, houve um aumento substancial de refugiados da Síria e outros países do Oriente Médio.

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Bolsonaro não chegou a apresentar ao seu espectador um perfil do imigrante na França. Tampouco apresentou dados sobre a imigração no Brasil. Limitou-se a concluir que a França está sofrendo por ter recebido imigrantes e que parte da população, das Forças Armadas e das instituições reclamam disso.

“Então, não queremos isso para o Brasil”, arrematou, para em seguida confirmar que denunciará o Pacto Mundial pela Migração, assinado na semana passada por 164 países no Marrocos.

“Não somos contra os imigrantes. Mas, para entrar no Brasil, tem de ter um critério bastante rigoroso. Caso contrário, no que depender de mim enquanto chefe de Estado, não entrarão.”

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Araud ocupa um dos cargos mais importantes da chancelaria francesa desde 2014. Antes, havia sido o embaixador da França na ONU – outro cargo de prestígio na carreira.

Relação complicada

Há poucas semanas, em Buenos Aires, o presidente francês Emmanuel Macron criticou abertamente Bolsonaro por conta de suas posições sobre mudanças climáticas. O francês ainda deixou claro que, se houver uma retirada do Brasil do Acordo de Paris, não haverá um entendimento entre a UE e o Mercosul no comércio.

Até mesmo a líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, já havia afirmado que Bolsonaro diz “coisas desagradáveis que são intransponíveis na França”.

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Outro francês, o chefe da pasta de economia da União Europeia (UE), Pierre Moscovici, também lançou críticas contra o brasileiro. “Bolsonaro é evidentemente um populista de extrema direita”, disse o ex-ministro francês em diferentes governos socialistas em declarações à TV do senado francês.

“Atrás dele, vemos a sombra dos militares que estiveram por um longo tempo no poder no Brasil, constituindo uma ditadura terrível”, declarou.

(Com Estadão Conteúdo)

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