O governo dos Emirados Árabes Unidos (EAU) concedeu, nesta segunda-feira (26), indulto ao estudante britânico Matthew Hedges, condenado à prisão perpétua na semana passada por espionagem.
O presidente dos EAU, Khalifa bin Zayed al Nahyan, emitiu o perdão como parte de uma concessão de clemência a mais de 700 prisioneiros para marcar o aniversário do país, de acordo com um comunicado divulgado pela agência estatal de notícias WAM.
O perdão entrou em vigor imediatamente, e Matthew Hedges, doutorando de 31 anos da Universidade Durham que ficou preso durante mais de seis meses, poderá deixar o país “assim que as formalidades forem finalizadas”, disse o comunicado.
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido saudou a decisão, dizendo que o governo britânico não concordava com as acusações feitas contra Hedges, mas que agradece aos Emirados Árabes Unidos por resolverem a questão rapidamente.
Hedges estava detido desde 5 de maio, quando foi preso no Aeroporto Internacional de Dubai ao final de uma visita de pesquisa de duas semanas. Ele foi condenado à prisão perpétua pelo tribunal federal de Abu Dhabi por espionagem para um país estrangeiro.
De acordo com sua esposa, a colombiana Daniela Tejada, Matthew Hedges estava pesquisando a política de segurança externa e interna dos Emirados Árabes Unidos após a Primavera Árabe de 2011. Ele morou vários anos no país antes de retornar ao Reino Unido em 2015, afirmou.
Segundo as autoridades do país árabe, contudo, o estudante teria confessado ser um espião britânico.
Minutos antes de o perdão ser anunciado, um porta-voz do governo dos Emirados mostrou a jornalistas um vídeo em que Hedges supostamente confessa ser um membro do MI6, o órgão da inteligência britânica, que pesquisava sistemas militares.
No vídeo, Hedges disse que usou sua condição de doutorando como disfarce para abordar fontes.
A família do sentenciado pediu a clemência em carta escrita ao presidente emirati, transmitida por meio da embaixada britânica em Abu Dhabi, segundo acrescentou a nota.
A legislação de EAU permite a qualquer pessoa condenada o direito de apelar ao Tribunal Supremo e também, solicitar a clemência presidencial.
‘Louca de alegria’
Tejada, que viu seu marido pela última vez no dia de sua condenação, disse estar “louca de alegria”. Questionada pela rede britânica BBC sobre as acusações de espionagem, a mulher disse estar convencida de que não é um espião.
“Apesar de nossas divergências com as acusações, estamos agradecidos ao governo dos Emirados Árabes Unidos por resolver o problema rapidamente”, afirmou o ministro britânico das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, no Twitter.
O ministro das Relações Exteriores dos Emirados, Anwar Gargash, disse, por sua vez, que o indulto permitirá a ambos os países se concentrarem de novo no desenvolvimento das relações bilaterais.
Na quarta-feira passada, a primeira-ministra britânica, Theresa May, declarou-se “profundamente decepcionada” com a condenação e assegurou que seu governo continuaria a insistir com as autoridades dos Emirados.
No dia seguinte, Abu Dhabi reagiu, garantindo estarem “determinadas a proteger sua relação estratégica com um aliado-chave”.
(Com EFE, Reuters e AFP)