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Emirados Árabes Unidos recebem o papa em visita histórica

Essa é a a primeira visita de um chefe da Igreja Católica ao berço do Islamismo

Por AFP Atualizado em 4 fev 2019, 11h13 - Publicado em 3 fev 2019, 17h34

O papa Francisco chegou neste domingo, 3, aos Emirados Árabes Unidos, no que constitui a primeira visita de um chefe da Igreja Católica à Península Arábica, berço do Islamismo. Antes de empreender a viagem aos Emirados, Francisco pediu, ainda neste domingo, que “favoreçam com urgência o cumprimento dos acordos alcançados” para uma trégua na cidade portuária de Hodeida, no Iêmen, crucial para o acesso da ajuda humanitária. A guerra no Iêmen opõe as forças pró-governo, apoiadas no terreno desde 2015 pela Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, aos rebeldes huthis xiitas, respaldados pelo Irã e que controlam amplas zonas do país, incluindo a capital Sanaá.

O avião do chefe da Igreja Católica chegou ao Aeroporto de Abu Dhabi pouco antes das 22 horas locais (16 horas de Brasília). Antes de sair de Roma, Francisco escreveu no Twitter: “Estou partindo para os Emirados Árabes Unidos. Me dirijo a esse país como um irmão para escrevermos juntos uma página de diálogo e percorrermos juntos os caminhos de paz. Orem por mim!”. A bordo do avião, o papa disse que soube que estava chovendo em Abu Dhabi. “Nesses países é visto como um sinal de bênção”, destacou.

Segundo o programa, esta visita será dominada pelo diálogo entre as religiões. Um encontro inter-religioso internacional está previsto para segunda-feira, 4.

Neste domingo de manhã, ao redor da Catedral São José de Abu Dhabi, os fiéis se aglomeravam perto do local, decorado com as cores do Vaticano e dos Emirados, para conseguir os últimos lugares para a missa papal de terça-feira, 5, que se apresenta como a maior manifestação popular realizada neste país, com a presença de mais de 130 000 fiéis. Com a aproximação da visita, o padre Elie Hachem, que oficia na Catedral de São José, está em êxtase e fala de algo “histórico”. Segundo ele, o papa vem com “uma mensagem de paz”.

Há cerca de um milhão de católicos neste país, adepto a um Islamismo moderado e cuja sociedade é bastante aberta ao mundo exterior. A maioria são trabalhadores asiáticos, que podem praticar a sua religião em oito igrejas.

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Os responsáveis da federação não deixaram de insistir no tema de “tolerância dos Emirados Árabes Unidos”, em particular pelo encontro previsto entre o papa e o imã de Al-Azhar, a principal instituição do Islamismo sunita que fica no Cairo, o xeque Ahmed al-Tayeb. Diferentemente do seu vizinho saudita, que proíbe a prática de outras religiões que não sejam o Islamismo, os Emirados Árabes Unidos querem projetar uma imagem de país tolerante.

Não obstante, as autoridades controlam as práticas religiosas e reprimem a contestação política e a exploração da religião, inclusive pelos adeptos de um Islamismo político, encarnado pela Irmandade Muçulmana. Anwar Gargash, ministro das Relações Exteriores, fez alusão a isso neste domingo em um tuíte no qual critica o Catar, boicotado por seu país e três de seus aliados, que o acusam de apoiar islamitas radicais, o que Doha desmente.

O ministro destacou a diferença entre o “mufti do terrorismo”, em referência ao religioso Yusef al-Qardaui, considerado chefe espiritual da Irmandade Muçulmana, que é protegida pelo Catar, e o seu país, que acolhe um dos símbolos de “tolerância e amor”, que são o papa e o imã de Al-Azhar.

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A organização Anistia Internacional pediu ao papa que coloque sobre a mesa em Abu Dhabi a questão do respeito aos direitos humanos e criticou que muitos dissidentes permaneçam detidos no país. A Human Rights Watch também pediu neste domingo ao papa que aproveite a sua visita para falar da situação dos direitos humanos no Iêmen, onde os Emirados intervêm militarmente junto com a Arábia Saudita

Desde o início do seu pontificado, o papa viajou a vários países cuja população é majoritariamente muçulmana, como Egito, Azerbaijão, Bangladesh e Turquia. Em março viajará ao Marrocos.

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