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Envelhecidos, presos de Guantánamo viram problema para os EUA

Capturados na guerra de Washington contra o terror, prisioneiros custam 450 milhões de dólares ao ano ao país; 26 deles nunca foram acusados

Por AFP Atualizado em 24 Maio 2018, 17h07 - Publicado em 24 Maio 2018, 15h57
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  • Eles chegaram à Baía de Guantánamo como homens jovens, capturados nos campos de batalha do Afeganistão e de outros lugares, no início da guerra contra o terrorismo empreendida pelos Estados Unidos na década passada. Na época, Washington reagia contra os ataques de 11 de setembro de 2001 às torres gêmeas de Nova York e ao Pentágono.

    Mais de 15 anos depois, a maioria dos reclusos do famoso presídio militar americano chegou à maturidade e sofre problemas de saúde ligados à idade, agravados também por suas condições de vida anteriores à prisão.

    Esta semana, a Casa Branca pareceu reconhecer o óbvio: sem um plano ou vontade política de fazer algo com os 40 internos que permanecem presos em Guantánamo, alguns deles poderiam ficar ali pelo resto da vida.

    A instalação “tem falhas estruturais e de sistema que, se não forem tratadas, no futuro poderiam apresentar riscos à vida e à segurança das nossas forças de proteção e dos detidos”, declarou a Casa Branca a legisladores, ao pedir fundos adicionais para reconstruir a prisão.

    “Tampouco cumpre os requisitos da população de detidos envelhecidos”, acrescentou.

    O Pentágono não divulga informações sobre os internos de Guantánamo, mas os arquivos vazados pelo WikiLeaks e publicados no The New York Times dão uma ideia da situação.

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    Em média, a idade dos presos é de 46,5 anos. Mas as torturas, os conflitos e as más condições de vida anteriores a sua captura, somadas à reclusão atual, pioram o seu estado de saúde.

    O mais velho, o paquistanês Saifullah Paracha, completará 71 anos em agosto. O mais jovem é o cidadão saudita Hassan Mohammed Ali Bin Attash, que nasceu em 1985 e agora tem 32 ou 33 anos. Tinha apenas 16 ou 17 anos quando foi capturado, em 2002.

    Nem o Pentágono nem o Campo de Detenção da Baía de Guantánamo responderam às solicitações de comentários da AFP.

    Cadeiras de rodas

    Talvez o preso mais famoso de Guantánamo seja o autor intelectual do ataque terrorista de 11 de setembro, Khalid Sheikh Mohammed, que hoje está com 53 anos.

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    A barba preta que usava quando foi capturado em 2003 cresceu até se tornar uma volumosa cabeleira  grisalha, que agora pinta de ruivo.

    James Connel, advogado de Ramzi Binalshibh, acusado de ser um dos co-conspiradores de Mohammed, disse ter notado algumas reformas para os presos envelhecidos.

    “Alguns dos espaços para os encontros entre advogados e clientes agora têm rampas para cadeiras de rodas”, contou à AFP, acrescentando ter visto também alças para ajudar os reclusos a se levantarem do vaso sanitário.

    Mas, destacou, “há grande necessidade de um tratamento que não foi fornecido”.

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    O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) visita Guantánamo quatro vezes por ano para se assegurar de que a prisão cumpre com os padrões de detenção e para avaliar o tratamento aos presos.

    “É importante garantir que se cumpra adequadamente os requisitos de saúde, e estamos comprometidos ativamente em dialogar com as autoridades americanas sobre este tema”, disse à AFP Marc Kilstein, porta-voz do CICV em Washington.

    Entre as doenças crônicas ligadas à idade que podem se agravar por causa da reclusão estão insuficiência cardíaca, diabetes, problemas cognitivos e doenças hepáticas.

    Enormes custos

    Aos contribuintes americanos, manter os prisioneiros na Baía de Guantánamo custa mais de 450 milhões de dólares por ano.  Essa cifra só aumentará à medida que envelhecem, indicou à AFP a especialista em Segurança da Anistia Internacional, Daphne Eviatar, já que aos Estados Unidos “é exigido, segundo o Direito Internacional, que deem tratamento médico a eles”.

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    “Ao mantê-los em Guantánamo, o governo dos Estados Unidos essencialmente está se comprometendo a cuidar deles pelo resto de suas vidas”, explicou.

    Muitos americanos desconhecem que seu país ainda tenha prisioneiros em uma base naval no Sul de Cuba.

    Cinco deles foram acusados de conspiração para realizar os atentados de 2001 e estão sendo julgados por um processo especial assolado por desafios legais e demoras intermináveis.

    Dos restantes, dois foram acusados de outros crimes e dois foram condenados. Cinco receberam ordens de libertação durante o governo de Barack Obama, mas continuam presos sob o mandato de Donald Trump, que disse querer enviar os capturados do grupo Estado Islâmico para Guantánamo.

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    Mas a maioria – 26 reclusos – nunca foi acusada de nada e, contudo, é considerada perigosa demais para ser posta em liberdade.

    Nove detidos já morreram em Guantánamo desde que a prisão abriu suas portas, em 2002, principalmente devido a suicídios, segundo os militares. Diante da situação, é pouco provável que essas mortes sejam as últimas.

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