Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Era do fogo: a fúria da natureza nos Estados Unidos em 2020

No desrespeito ao ambiente, o drama americano tem conexão com a pirotecnia criminosa na Amazônia e no Pantanal brasileiros

Por Sabrina Brito Atualizado em 4 jun 2024, 13h37 - Publicado em 24 dez 2020, 06h00

Em 2020, o que a impressão a olho nu indicava, a estatística confirmou, amargamente — o estado da Califórnia, o mais rico dos Estados Unidos, queimou como não se via há muito tempo. O equivalente a 16 000 quilômetros quadrados de vegetação, dez vezes a área da cidade de São Paulo, ardeu em chamas. Foram 8 200 mil focos de incêndio, o dobro do recorde anterior, de 2018. Para apagá-los, em sucesso apenas parcial, foram deslocados mais de 20 000 bombeiros, celebrados como heróis. A consequência: 31 mortes e dezenas de milhares de pessoas deslocadas de suas residências, numa corrida emoldurada pelo permanente céu alaranjado, que seria bonito, não fosse trágico. Uma indagação se impôs: como assim, tanto descaso numa região de primeiríssimo mundo e conhecimento científico no apogeu? Houve, claro, interferência do ser humano, com casos de torres de energia elétrica derrubadas acidentalmente e fagulhas espalhadas por fogos de artifício em festas nas cercanias de Los Angeles. Nesse aspecto, o do desrespeito ao ambiente, o drama americano tem conexão com a pirotecnia criminosa na Amazônia e no Pantanal brasileiros (veja na pág. 62) — a irresponsabilidade é a mesma.

No entanto, rigorosos levantamentos da atual temporada incendiária nos Estados Unidos revelaram a fúria da natureza, numa conjunção de fatores. Em agosto, como nunca antes, houve uma saraivada de raios afeitos a acender a faísca de galhos secos. Em outubro, choveu muito pouco, na comparação com outros anos. “A receita do fogo na Califórnia é antiga, e, desde que haja gente para começar uma queimada, a natureza está ali, à disposição”, diz Park Williams, climatologista da Universidade Columbia. “No entanto, nos últimos anos, as mudanças climáticas aceleraram o descontrole.” E então, em moto contínuo, volta-se a nós, humanos — é sobejamente sabido que a mão da civilização alterou o equilíbrio ecológico, atalho para as cenas tristes californianas. “Não basta contratar mais bombeiros ou ter mais aviões”, disse Thom Porter, diretor do Departamento Florestal e Proteção a Incêndios da Califórnia. “Precisamos que todas as partes do sistema sejam adaptadas para nos ajudar a enfrentar as adversidades que a mudança climática está criando.” Será um desafio e tanto, como foi no ano que se encerra.

Publicado em VEJA de 30 de dezembro de 2020, edição nº 2719

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.