O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, advertiu a Arábia Saudita para que não tente postergar a investigação do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi nem acobertar os responsáveis pelos crimes. O governo saudita, comandado pelo príncipe-herdeiro Mohammed bin Salman, é apontado pela Turquia como o mandante do crime. O corpo do jornalista ainda não foi encontrado.
“Não deixaremos este assunto para trás. Se o deixássemos, estaríamos em dívida com a humanidade, com a consciência”, disse Erdogan à agência turca Anadolu ,após um discurso no parlamento de Ancara nesta terça-feira, 30. “É preciso resolver isto, não faz sentido despistar. Também não faz sentido acobertar ninguém para salvá-lo”, acrescentou o presidente turco.
Crítico do governo saudita, Khashoggi vivia em exílio nos Estados Unidos. No último dia 2, ingressou no consulado de seu país em Istambul para buscar documentos para seu casamento, mas foi assassinado no prédio por um grupo de agentes de Riad.
Um dos pontos-chave da investigação turca é a equipe de quinze agentes sauditas, que chegou a Istambul na data do desaparecimento de Khashoggi e retornou aquela mesma noite a Riad A Arábia Saudita prendeu esses quinze homens, assim como outras três pessoas que viajaram para aTurquia no dia anterior ao assassinato. Mas ainda não há informação de que tenham sido indiciados por algum crime.
“Ficam várias perguntas a responder. Primeiro, quem enviou esse grupo de quinze pessoas? O senhor, que é promotor-chefe saudita, deve investigar, deve descobrir. Segundo, o autor do homicídio é, com certeza, um desses dezoito. Isto o senhor também deve descobrir”, frisou Erdogan.
O promotor-chefe saudita encarregado da investigação do assassinato chegou no domingo (28) a Istambul e se reuniu ontem com o promotor turco para debater o caso. Ancara já pediu repetidas vezes que os envolvidos sejam julgados em Istambul, por ter sido o local do crime.
As autoridades sauditas mudaram sua versão sobre os fatos em várias ocasiões. Primeiro, afirmaram que Khashoggi fora morto em uma briga com oficiais consulares. Alguns dias depois, uma autoridade do governo recuou e disse que o jornalista tinha sido assassinado em uma “operação clandestina”, não autorizada pela administração saudita.
Ao reconhecer a morte do jornalista, a Promotoria saudita anunciou a prisão de dezoito pessoas e a demissão de funcionários de segurança envolvidos nos fatos.
As explicações sauditas não convenceram. Céticos, os governos ocidentais e a Turquia exigiram uma investigação “crível e transparente”.
(Com EFE)