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Erdogan ameaça Europa ao dizer que enviará milhões de migrantes

O presidente turco aumentou a pressão em busca de apoio na guerra na Síria

Por AFP
2 mar 2020, 23h44

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, aumentou a pressão sobre os europeus dizendo nesta segunda-feira que “milhões” de migrantes se dirigirão “em breve” à Europa, em busca de apoio na guerra na Síria.

Com objetivo de obter o apoio do Ocidente no caso da Síria, a Turquia abriu suas fronteiras na última semana com a Europa para deixar milhares de migrantes passarem por meio do seu território, uma medida que amedronta a Europa de ter uma crise migratória como a de 2015.

“É inaceitável que o presidente Erdogan e seu governo não expresse sua decepção diretamente conosco, a UE, mas aproveitando-se dos refugiados”, disse a chanceler alemã, Angela Merkel.

No entanto, os drones turcos têm atacado há dias a região de Idlib, no noroeste da Síria, e Erdogan afirmou que espera conseguir uma trégua durante as negociações que manterá com seu homólogo russo Vladimir Putin – que apoia Damasco – na quinta-feira, em Moscou.

Milhares de migrantes seguiam chegando na fronteira da Turquia e da Grécia, com a esperança de cruzá-la, apesar das fortes medidas adotadas por Atenas, cujas forças lançaram bombas lacrimogêneas e usaram canhões de água.

“Desde que abrimos nossas fronteiras, o número dos que se dirigem à Europa é de milhares. Logo esse número será de milhões”, alertou.

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O chefe de Estado turco viaja a Moscou na quinta-feira para conversar com o presidente russo sobre a Síria, num momento de grande tensão na província de Idlib (noroeste), com intensos combates e uma catástrofe humanitária.

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 13.000 refugiados estão ao largo dos 212 km da fronteira terrestre grego-turca.”As portas estão abertas. Vocês terão agora que carregar sua parte do fardo”, ressaltou Erdogan.

Compartilhamento de carga

Segundos as autoridades, entre domingo e esta segunda, 1.300 solicitantes de asilo conseguiram chegar nas ilhas do Mar Egeu.

Um menino morreu na costa de Lesbos no naufrágio de uma embarcação com 50 pessoas.

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Erdogan acusou a Grécia de ter “disparado contra dois migrantes” na segunda e de ter ferido gravemente um terceiro, sem dar mais explicações. Antes, Atenas tinha declarado ser “uma notícia falsa” um vídeo no qual aparecia um migrante morto.

Ancara publicou um vídeo, que a AFP não pode autentificar, no qual aparecem guarda-costas gregos tentando ajudar com uma vara um pequeno barco com migrantes a bordo, e disparando tiros de advertência próximo à embarcação.

Frente a essa situação e para mostrar sua solidariedade, os dirigentes das instituições europeias visitarão a zona fronteiriça na próxima terça, do lado grego.

Além disso, os ministros de Interior da União Europeia realizarão um encontro em Bruxelas na quarta para ajudar a Grécia e Bulgária, cujo primeiro-ministro, Boiko Borissov, se reuniu nesta segunda com Erdogan em Ancara.

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A Turquia acolhe em seu território mais de quatro milhões de refugiados e migrantes, em sua maioria sírios, e agora assegura que não é capaz de deter a onda migratória, enquanto que há quase um milhão de pessoas deslocadas pela ofensiva do regime sírio em Idlib na fronteira turca.

“O princípio”

Após semanas de escalada na região, a Turquia anunciou no domingo que lançou uma grande ofensiva contra o regime de Bashar al-Assad, apoiado por Moscou, derrubando dois de seus aviões e infligindo pesadas perdas às suas tropas.

Por outro lado, um soldado turco foi morto e dois ficaram feridos nesta segunda em ataques do regime sírio, segundo o Ministério de Defesa turco.

Na próxima quinta, durante a reunião entre Putin e Erdogan, a crise de Idlib será o centro das discussões.

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“Vou a Moscou e discutirei os acontecimentos (na Síria) com Putin. Espero que ele tome as medidas necessárias, como o cessar-fogo, e que encontremos uma solução para esse assunto”, afirmou em discurso em Ancara.

No campo de batalha, os combates se concentram na cidade estratégica de Saraqeb, que mudou de mãos várias vezes nas últimas semanas.

De acordo com a SANA, as tropas do regime entraram na cidade nesta segunda, apoiadas pela força aérea russa.

A ofensiva do regime em Idlib provocou uma grave crise humanitária, deslocando quase um milhão de pessoas. Um êxodo inédito em tão pouco tempo desde o início do conflito na Síria que, desde 2011, deixou mais de 380.000 mortos.

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