A associação de Meninos Escoteiros da América (MEA) entrou com um pedido de falência nesta terça-feira, 18, para tentar ganhar tempo e construir um fundo bilionário para indenizar as vítimas de abuso sexual. A maioria dos casos de meninos molestados ocorreu entre as décadas de 1960 e 1980.
As vítimas só puderam entrar com ações na Justiça dos Estados Unidos contra a instituição depois de alterações recentes em legislações nos estados de Nova York, Arizona, Nova Jersey e Califórnia, que antes não permitiam a abertura de processos sobre o assédio cometido há mais de uma década.
“O MEA se preocupa profundamente com as vítimas e pede desculpas a todos que foram machucados enquanto escoteiros”, disse em um comunicado Roger Mosby, presidente da associação. “Estamos cientes que nada pode desfazer os abusos trágicos que as vítimas sofreram”, disse.
Por entrar com um pedido de falência, o grupo poderá congelar, por hora, o pagamento das indenizações e estruturar um fundo de compensação às vítimas. Ao longo do processo, porém, os Meninos Escoteiros da America terão de começar a compensar as vítimas e poderão ser forçados a vender as suas diversas propriedades.
Segundo o jornal americano The Wall Street Journal, os MEA possuem 261 conselhos regionais, que detêm cerca de 70% das propriedades da organização. O grupo reiterou que esses conselhos regionais não serão afetados pelo processo de falência por serem “legalmente separados”.
O grupo tem presença marcante nos Estados Unidos, com dois milhões de escoteiros e mais de um milhão de voluntários espalhados por todo o país. Entretanto, a associação minguou nos números, chegando a quatro milhões de escoteiros nos anos 1970. Para tentar reverter o cenário de queda de interesse pelo escotismo, os MEA autorizaram em 2013 o ingresso de escoteiros abertamente homossexuais e, dois anos depois, de voluntários gays. Apenas em 2017, foi permitida a adesão de meninas como escoteiras.