O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse nesta segunda-feira estar “horrorizado” pelos vídeos que mostram a venda de migrantes como escravos na Líbia, e garantiu que esse comércio precisa ser investigado como possível crime contra a humanidade.
A rede de televisão CNN difundiu na semana passada um vídeo de um aparente leilão na Líbia, em que homens negros são apresentados a compradores do norte de África como possível mão-de-obra para o campo e acabam vendidos por cerca de 400 dólares cada.
“A escravidão não tem cabimento em nosso mundo e essas ações estão entre os mais atrozes abusos de direitos humanos e podem constituir crimes contra a humanidade”, disse Guterres a jornalistas.
“Estou horrorizado com as notícias da imprensa e com os vídeos que mostram migrantes africanos na Líbia, em que se diz que estão sendo vendidos como escravos“, disse.
Guterres pediu a “todas as autoridades competentes” que investiguem esses leilões o mais rápido possível.
O primeiro-ministro adjunto da Líbia, Ahmed Metig, disse em comunicado publicado no último domingo no Facebook que seu governo — apoiado pela ONU — investigará o caso.
As imagens geraram a indignação de líderes africanos: o presidente guineano Alpha Condé se referiu às imagens como “comércio depreciável… de outra era”.
O governo do Senegal expressou sua “indignação” e o presidente do Níger, Mahamadu Issufu, disse que o assunto o deixou “profundamente aborrecido” e pediu às autoridades líbias e organizações internacionais que façam “tudo o que for possível para deter essa prática”.