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Espanha chegou ao pico da pandemia de coronavírus, diz premiê

França prolonga confinamento, enquanto número de mortes cresce na Europa e nos Estados Unidos

Por Redação
Atualizado em 9 abr 2020, 09h29 - Publicado em 9 abr 2020, 09h02
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  • O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, afirmou nesta quinta-feira, 9, que o país já atingiu o pico da pandemia do novo coronavírus. O chefe de governo pediu ao Parlamento a extensão do estado de emergência até 26 de abril, mas garantiu que logo deve iniciar um processo de reabertura e reversão das medidas de isolamento instauradas na nação para conter a propagação da Covid-19.

    “Chegamos ao pico e agora começamos a reabertura”, disse Sánchez ao Parlamento quase vazio, já que a maioria dos legisladores trabalha de casa. Ele alertou, no entanto, que o retorno à vida normal seria “gradual”, de acordo com a gravidade da atual crise de saúde.

    “A escalada foi difícil e por isso a reabertura também será”, disse. “Estamos enfrentando a maior ameaça à saúde pública do planeta desde a gripe de 1918”, afirmou Sánchez, explicando que a retomada da atividade normal acontecerá em fases. “A última coisa que devemos nos permitir é darmos um passo atrás, porque isso seria mais do que um revés”, mas “uma recuperação” para o vírus.

    O primeiro-ministro ainda pediu que toda a União Europeia (UE) tome medidas em conjunto para frear o avanço do vírus. “A União Europeia está em perigo se não houver solidariedade contra o vírus”, disse.

    A Espanha já é o segundo país mais afetado pela pandemia de coronavírus em todo o mundo, depois dos Estados Unidos. Quase 150.000 casos confirmados do vírus foram detectados, além de 14.792 mortes.

    França, UE e EUA

    O governo da França informou nesta quarta-feira 8 que prolongará o confinamento da população para conter a propagação do novo coronavírus, em um dia em que o número de mortos continuou a subir na Europa e nos Estados Unidos, e especialistas alertaram que a recessão global iminente pode ser a pior em décadas.

    Os governos estão divididos entre garantir a segurança pública e deter o impacto econômico devastador da paralisação de atividades, que em poucas semanas eliminou milhões de empregos. Mais de 80.000 pessoas em todo o mundo morreram desde que o primeiro caso foi relatado em dezembro na China.

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    A pandemia gerou um colapso na economia global e forçou bilhões de pessoas a ficar em casa o maior tempo possível para evitar o contágio. Especialistas em saúde enfatizam que qualquer flexibilização prematura das restrições poderia acelerar a propagação de uma doença que já afeta quase todos os países.

    Na França, uma das nações europeias mais afetadas, com mais de 10.000 mortes, a ordem de confinamento emitida em 17 de março “será prorrogada” para depois de 15 de abril, disse uma autoridade próxima ao presidente Emmanuel Macron.

    Itália e Espanha ainda relatam centenas de mortes por dia, embora a situação também esteja se deteriorando no Reino Unido, que registrou  um recorde de 938 falecimentos nesta quarta-feira, quando o primeiro-ministro Boris Johnson passou o terceiro dia em terapia intensiva. O político de 55 anos está “melhorando” e “de bom humor”, disseram as autoridades.

    Nova York, epicentro do surto americano, registrou um recorde de 779 mortes em 24 horas, embora o governador do estado, Andrew Cuomo, tenha dito que as hospitalizações diminuíram. O total de óbitos nas últimas 24 horas nos Estados Unidos foi de 1.973, sendo que no dia anterior esse número chegou a 1.939.

    Um relatório preliminar indica que 34% dos falecidos em Nova York são latinos, sendo que constituem 29% da população da cidade. Em Wuhan, foco da epidemia na China, houve momentos de euforia quando a proibição de viajar em vigor desde janeiro foi suspensa.

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    A recessão das nossas vidas

    O chefe da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevedo, alertou que as consequências econômicas da crise “podem ser a recessão mais profunda ou o mais grave revés econômico em nossa existência”. O comércio mundial pode diminuir em até um terço este ano, segundo a OMC.

    A Alemanha e a França, as principais economias da União Europeia (UE), foram duramente atingidas. O Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha deverá diminuir em quase 10% no segundo trimestre. A França já registrou seu pior desempenho econômico desde 1945 no primeiro trimestre, com queda de 6%.

    Mas autoridades do Federal Reserve (banco central) dos Estados Unidos disseram que o fechamento das empresas não deve ter o impacto duradouro visto na crise financeira global de 2008.

    Alguns países europeus avaliaram a flexibilização das medidas de contenção, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu para não fazerem isso. “Agora não é hora de relaxar as medidas”, disse o diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge, pedindo “dobrar e triplicar” os esforços coletivos.

    O chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu ao presidente americano, Donald Trump, que “não politizasse” o vírus depois que ele ameaçou suspender a contribuição dos Estados Unidos à agência, acusando-o de não saber lidar com a pandemia e de preconceito contra a China.

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    ‘Um momento muito, muito triste’

    Em todo o mundo, as equipes médicas estão pagando um alto custo físico e emocional em unidades de terapia intensiva lotadas e hospitais improvisados erguidos em estádios esportivos, navios e até mesmo em uma catedral de Nova York. Na Espanha, outras 757 mortes foram registradas nesta quarta-feira, aumentando o número de vítimas pela segunda vez após vários dias de declínio.

    “Eu tive minha fase de raiva, de negação, você está passando por fases”, disse Antonio Álvarez, uma enfermeira de 33 anos de Barcelona. “Agora ainda está um pouco cheio, mas está melhorando”, concluiu.

    Na Itália, o país com mais mortes devido à pandemia, a polícia começou a reforçar o controle do confinamento, diante da tentação das pessoas de sair quando viram uma tendência de queda nas mortes. “A única arma que temos é o distanciamento social”, alertou o ministro da Saúde, Roberto Speranza.

    Enquanto isso, muitos judeus em todo o mundo comemoravam o início da Páscoa sem as grandes reuniões familiares normalmente organizadas. “A festa da Páscoa é comemorada com amigos e familiares”, disse Yigel Niasoff, 45, de sua varanda em Nova York. “Com a pandemia, é um momento muito, muito triste”.

    Ficar doente ou comer

    Os governos buscam implementar medidas de estímulo diante da crise, que afetou 81% da força de trabalho global de 3,3 bilhões de pessoas, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

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    Em Washington, a oposição democrata exigiu 500 bilhões de dólares adicionais para apoiar a economia, dobrando o pedido do governo para ajudar pequenas empresas e prejudicando a rápida aprovação da ajuda de emergência solicitada nesta semana pelos legisladores.

    A zona do euro também está discutindo um plano de resgate para os membros mais afetados, além das medidas adotadas por cada governo. Os ministros das Finanças não conseguiram chegar a um acordo após 16 horas de negociações que serão retomadas na quinta-feira. A volatilidade continuou nos mercados: a Dow fechou em 3,4% em Wall Street, depois que as bolsas de valores europeias vacilaram.

    Mas os pobres do mundo já estão lutando pela sobrevivência. “O pobre não tem renda, não tem economias”, disse Maria de Fátima Santos, aposentada que estava esperando na fila para receber ajuda de uma ONG na Cidade de Deus, gigantesca comunidade carente na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.

    Na América Latina, ainda relativamente a salva da pandemia, 1.717 mortes foram registradas, quase a metade no Brasil, e cerca de 43.600 casos. O Equador, o país com mais mortes após o Brasil, divulgou que punirá violações de quarentena com prisão.

    E no México, milhares de migrantes presos nas fronteiras norte e sul pela suspensão de audiências sobre pedidos de asilo para os Estados Unidos acompanham “aterrorizados” a disseminação da Covid-19.

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    “Se uma infecção se desenvolver, será um caos total”, disse um imigrante ilegal equatoriano em um acampamento em Matamoros, muito perto da fronteira com os Estados Unidos, onde 2.000 pessoas sobrevivem.

    Nos centros de detenção de imigrantes dos Estados Unidos, os casos da Covid-19 aumentaram para 32, anunciaram as autoridades, à medida que a controvérsia aumenta e movimentos sociais exigem a libertação temporária de detidos.

    (Com AFP)

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