A Espanha está enfrentando sua primeira onda de calor do ano, com temperaturas que devem chegar a 44°C, segundo meteorologistas. O fenômeno é um efeito do aquecimento global e antecipa o verão espanhol, que está começando 40 dias antes do que há 50 anos.
“Estamos enfrentando temperaturas excepcionalmente altas para junho”, disse Rubén del Campo, porta-voz da Aemet, agência estatal de meteorologia do país, que estima que o clima quente deve durar pelo menos até a próxima terça-feira, 14. Segundo o especialista, a última vez que uma onda de calor chegou tão cedo foi em 1981.
As altas temperaturas na Espanha são resultado do ciclone Alex, o mais intenso que passa pelo Atlântico em 6 anos, e uma massa de ar muito quente vinda do Norte da África. O clima de junho acompanha a tendência do último mês, considerado o maio mais quente já registrado, com temperaturas três graus acima da média.
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Também com temperaturas recordes, 2021 foi o mais quente e seco da história da Espanha, que registrou 47,4°C em Montoro, na província de Córdoba, no sul do país. De acordo com especialistas, o ano passado foi apenas o mais recente de uma série de anos quentes.
“Pela primeira vez, vimos oito anos consecutivos com temperaturas acima da média”, disse Del Campo, que estimou que a tendência é que as temperaturas fiquem cada vez mais altas.
Com pouco tempo para se acostumar ao que normalmente seriam as temperaturas do meio do verão, as pessoas correm maior risco de insolação, tontura e dores de cabeça. O departamento de saúde da Espanha recomendou que os cidadãos fiquem dentro de casa o máximo possível e evitem exercícios durante a parte mais quente do dia. As pessoas também foram aconselhadas a beber bastante água e evitar a ingestão de bebidas alcóolicas.
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A Espanha se junta a vários outros países do mundo que estão sofrendo com altas temperaturas nos últimos anos, como Estados Unidos, Índia, Paquistão e outros vizinhos europeus. No mês passado, um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) apontou um avanço recorde de indicadores-chave das mudanças climáticas. De acordo com a entidade das Nações Unidas, as concentrações de gases causadores do efeito estufa, o aumento do nível do mar, aumento do calor e a acidificação dos oceanos atingiram os níveis mais altos já vistos em 2021.
“Nosso clima está mudando diante de nossos olhos. O calor retido pelos gases de efeito estufa induzidos pelo homem aquecerá o planeta por muitas gerações”, disse o chefe da OMM, Petteri Taalas, que acrescentou que sem mudanças bruscas, todos os medidores vão continuar aumentando.
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Apontando a urgência por medidas drásticas que reduzam a emissão de carbono, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres disse que a humanidade está “caminhando para uma catástrofe climática” e está “cavando a própria cova”, durante a COP26, conferência climática realizada no fim do ano passado em Glasgow, na Escócia.