Espanha pede ajuda à Otan após registrar recorde de 514 mortes em um dia
Com sistema de saúde do país sobrecarregado, governo solicita 500.000 testes rápidos, 500 respiradores e 1,5 milhão de máscaras cirúrgicas
As Forças Armadas da Espanha pediram nesta terça-feira, 24, assistência humanitária à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para combater o novo coronavírus, que deixou 514 mortos em apenas um dia. Este foi o recorde de óbitos desde que a pandemia atingiu o país, que agora soma 2.696 mortes.
Em comunicado, a Otan informou que o exército espanhol solicitou “ajuda internacional” para obter suprimentos médicos “para impedir a propagação do vírus em unidades militares e na população civil”. A solicitação é por 450.000 máscaras regulares, 500.000 testes rápidos, 500 ventiladores para assistência respiratória e 1,5 milhão de máscaras cirúrgicas.
O total de casos registrados de contaminação subiu 20% nesta terça-feira, em relação ao dia anterior, atingindo 39.673 infectados, segundo o último balanço do Ministério da Saúde espanhol. Com isso, a Espanha se torna o segundo país da Europa mais afetado pelo vírus, depois da Itália.
Atualmente, há 2.636 pessoas em terapia intensiva no país, que tem apenas 4.500 leitos de UTI.
Em resposta à multiplicação dos casos, o governo estendeu desta terça-feira para o dia 12 de abril o estado de emergência e o confinamento quase total dos 47 milhões de habitantes do país. Desde 14 de março, os espanhóis só podem deixar suas casas para irem trabalhar, se não puderem fazer isso de casa, ou para comprar alimentos ou remédios, sob pena de multas.
Segundo o diretor de emergências de saúde, Fernando Simón, esta semana será crítica para avaliar se “atingimos o pico (de infecções) e começamos a diminuir o número de casos”.
Na região da capital, Madri, com 6,5 milhões de habitantes, as autoridades tiveram que habilitar a pista de gelo de um shopping como necrotério devido à saturação dos serviços funerários. Perto do shopping, um centro de convenções foi transformado em hospital para acomodar até 5.500 pacientes.
Pacientes fujões
Três pacientes na Espanha fugiram do hospital nesta terça-feira, sem terem recebido alta, depois de serem tratados como pacientes com coronavírus. O jornal espanhol El País reportou que dois deles, em Madri, fizeram testes inconclusivos para o vírus e escaparam antes da finalização da contraprova. O terceiro era um idoso que testou positivo para o novo coronavírus e escapou de táxi de um centro médico em Alicante.
Os pacientes foram localizados em suas casas pela polícia e multados em 601 a 30.000 euros, de acordo com a Lei de Segurança do Cidadão, que regula a transgressão. Os três foram readmitidos nos hospitais e aguardam a prescrição médica apropriada.
(Com AFP)