Os Estados Unidos irão deixar a Unesco, a agência de educação e cultura da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2018, anunciou o Departamento de Estado americano em comunicado nesta quinta-feira. A medida será colocada em vigor em 1º de janeiro, e, entre as causas alegadas pela decisão, está “o contínuo viés anti-Israel” da organização.
“Essa decisão não foi tomada facilmente, e reflete as preocupações dos Estados Unidos com crescentes contas atrasadas na Unesco, a necessidade de reformas fundamentais na organização e o contínuo viés anti-Israel na Unesco”, declarou o departamento. Segundo o comunicado, os Estados Unidos vão “continuar engajados” com a como “Estado observador” no organismo par “contribuir com as visões, perspectivas e expertise”.
Em 2011, Washington cortou sua contribuição financeira para a Unesco em protesto contra a decisão da agência conceder aos palestinos o status de membros plenos. A questão palestina também gerou revolta entre americanos e israelenses quando a agência listou como Patrimônio Mundial Da humanidade sob a tutela da Palestina a cidade de Hebron, território ocupado por Israel.
A decisão americana de abandonar a agência, segundo informa a revista Foreign Policy, é amparada pelo desejo de cortes orçamentários no Departamento de Estado, e já havia sido tomada semana atrás, durante a Assembléia Geral das Nações Unidas em Nova York. Não é a primeira vez que os Estados Unidos deixam a organização. Sob o governo de Ronald Reagan, o país suspendeu em 1984 seus laços com a Unesco, que foram retomados apenas por George W. Bush em 2002.
Israel de saída
Na esteira da decisão americana, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou hoje no Twitter que deu instruções ao ministério de Relações Exteriores para “preparar a saída de Israel da Unesco em conjunto com os Estados Unidos”. O primeiro-ministro elogiou a decisão de Donald Trump e classificou o órgão da ONU de “teatro do absurdo, que distorce a história ao invés de preservá-la”.
Israel já havia suspendido as relações com a Unesco em reposta a uma proposta de resolução cuja linguagem, segundo autoridades israelenses, negava as conexões históricas dos judeus com sítios sagrados de Jerusalém.
“Profundo lamento”
A Unesco lamentou a decisão americana. “Após receber notificação oficial do secretário de Estado dos EUA, sr. Rex Tillerson, como diretora-geral da Unesco eu quero expressar meu profundo lamento com a decisão dos Estados Unidos da América de se retirarem da Unesco”, disse a diretora-geral da agência, Irina Bokova, em comunicado. A medida, para a representante da agência, significa “uma derrota para o multilateralismo e para a família ONU”.
(Com Reuters)