EUA apreendem avião presidencial de Maduro e pressão sobre ditadura aumenta
Procurador-geral americano diz que aeronave foi 'comprada ilegalmente por US$ 13 milhões' e viola sanções contra Venezuela
Os Estados Unidos apreenderam o avião presidencial do líder da Venezuela, Nicolás Maduro, por violações de sanções e leis de controle de exportação, anunciou o Departamento de Justiça americano nesta segunda-feira, 2. A aeronave foi confiscada na República Dominicana e levada sob custódia de autoridades federais na Flórida.
Segundo o procurador-geral americano, Merrick Garland, o avião foi “comprado ilegalmente por US$ 13 milhões” (cerca de R$ 72 milhões na cotação atual) para ser utilizada por “Nicolás Maduro e seus comparsas”. O modelo Dassault Falcon 900EX, usado pelo ditador para visitas de Estado ao exterior, teria sido comprado por meio de uma empresa de fachada no Caribe e, então, contrabandeado para fora dos Estados Unidos em abril de 2023, violando as sanções do país contra a Venezuela.
Um oficial americano, sob condição de anonimato, afirmou à emissora americana CNN que a apreensão de um avião de um chefe de Estado estrangeiro por questões criminais “é algo inédito” e que envia “uma mensagem clara de que ninguém está acima da lei, ninguém está acima do alcance das sanções dos Estados Unidos”. A operação teve participação do Departamento de Investigações de Segurança Interna; de agentes dos Departamentos da Indústria, Segurança e Comércio; e do Departamento de Justiça.
“Que esta apreensão envie uma mensagem clara: aeronaves adquiridas ilegalmente dos Estados Unidos para o benefício de autoridades venezuelanas sancionadas não podem simplesmente decolar (livremente) em direção ao pôr do sol”, disse o secretário assistente de fiscalização de exportação do Departamento de Comércio, Matthew Axelrod, em comunicado.
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Eleições na Venezuela
O confisco ocorre em meio à contestação do resultado das eleições venezuelanas, realizadas no mês passado, que apontaram a vitória de Maduro. Um dia após o pleito, em 29 de julho, o Conselho Nacional Federal (CNE), órgão federal controlado pela ditadura, declarou a reeleição do líder bolivariano com 51% dos votos, contra 44% de Edmundo González, candidato da oposição.
O triunfo do ditador foi rejeitado por uma gama de países, incluindo os Estados Unidos, Argentina, Uruguai e Equador. Sondagens de boca de urna e levantamentos independentes sugeriram que o rival de Maduro teria vencido o pleito com 65% de apoio, contra apenas 31% do líder bolivariano. Uma projeção da oposição com base em 80% dos boletins de urna que conseguiram obter mostrou resultado semelhante.
O principal ponto de questionamento da oposição e da comunidade internacional é que o regime não divulgou os resultados na totalidade, por não ter publicado as atas das zonas eleitorais, que reúnem informações de cada centro de votação.
Estima-se que mais de 2 mil pessoas já tenham sido detidas na onda de repressão a críticos ao governo, após protestos contra a fraude eleitoral explodirem ao redor do país. Na semana passada, o líder do partido antichavista Convergência Venezuela, Biagio Pilieri, foi preso depois de ser perseguido por “duas caminhonetes e três motocicletas”. O advogado Perkins Rocha, um dos principais porta-vozes da oposição, também teria sido sequestrado na última terça-feira.