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EUA bloqueiam programa de caças para Turquia após compra de mísseis russos

Decisão americana impedirá vendas de fabricantes turcos produtores de peças para o F-35, bem como planos de Ancara de comprar modelos do caça

Por AFP
Atualizado em 18 jul 2019, 10h51 - Publicado em 18 jul 2019, 10h40

Os Estados Unidos confirmaram nesta quarta-feira 17 que a Turquia não poderá mais fazer parte do programa de caças americanos F-35, depois que Ancara comprou o sistema de defesa aérea de mísseis russo S-400.

“Infelizmente, a decisão da Turquia de comprar o sistema de defesa aérea russo S-400 suprime a continuidade de sua participação no programa F-35”, informou em comunicado a porta-voz da Casa Branca, Stephanie Grisham.

Grisham acrescentou que Washington “continuará cooperando amplamente com a Turquia, considerando as limitações impostas pela presença do sistema S-400” no país.

Ela detalhou que Washington tinha feito diversas ofertas de seu próprio sistema de defesa de mísseis Patriot aos turcos, mas Ancara optou por adquirir o russo – o que vai contra o compromisso da Otan de evitar a adoção de sistemas da Rússia. “Isso terá um impacto prejudicial na interoperabilidade da Turquia com a Aliança”, afirmou.

O anúncio de Washington foi feito cinco dias depois de Ancara começar a receber o sistema de mísseis russo, ignorando os alertas dos Estados Unidos e de outros aliados da Otan. A Turquia reagiu e classificou nesta quarta-feira como “injusta” a decisão dos americanos.

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“Esta medida unilateral não respeita o espírito da Aliança e tampouco está baseada em razões legítimas. É injusto retirar a Turquia, um dos sócios do programa F-35”, declarou o ministério turco das Relações Exteriores.

“Convidamos os Estados Unidos a corrigir um erro que abrirá o caminho para um dano irreparável em nossas relações estratégicas”.

A ação dos Estados Unidos bloqueará vários fabricantes turcos que produziam peças e componentes para o F-35, bem como os planos da Turquia de comprar cerca de 100 unidades dos modernos caças.

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‘Situação muito difícil’

Na terça-feira 16, o presidente americano Donald Trump se negou a criticar a Turquia pela compra do S-400, alegando falsamente que Ancara foi forçada de forma injusta a concretizar essa operação por Barack Obama.

“Tenho uma boa relação com o presidente (Recep Tayip) Erdogan”, disse Trump à imprensa. “Estamos em uma situação muito difícil (…) na qual nos colocaram. (…) Isto posto, estamos trabalhando nisso, vamos ver o que acontece”.

“É uma situação muito difícil em que se encontram e é uma situação muito difícil em que nos colocaram (…) Tendo dito tudo isso, estamos trabalhando nisso, vamos ver o que acontece “, disse.

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Trump lamentou a perda da venda de até 100 F-35 para a Turquia, dizendo que o fabricante Lockheed Martin sofreria. “Por terem um sistema de mísseis fabricado na Rússia, agora estão proibidos de comprar mais de 100 aviões. Diría que a Lockheed não está exatamente feliz. Issosignifica um monte de trabalho”, disse.

No Pentágono, os funcionários disseram que as operações já estavam em andamento para iniciar a produção de cerca de 900 peças que a Turquia forneceria para fornecedores americanos e de outros países. Os técnicos e pilotos turcos do F-35 que foram treinados nos Estados Unidos também voltarão a seu país no fim deste mês.

“A compra da S-400 pela Turquia é inconsistente com seus compromissos com a Otan “, disse a subsecretário de Defesa, Ellen Lord. “Infelizmente, a Turquia perderá, sem dúvida, empregos e futuras oportunidades econômicas com essa decisão “, afirmou.

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A Turquia tinha compromissos trabalhistas no valor de 1 bilhão de dólares para contribuir para o programa F-35, e poderia esperar um total de 9 bilhões de pedidos durante o prazo do programa, de acordo com Lord.

Além disso, o Congresso dos Estados Unidos exigiu que os países que fazem compras importantes de equipes de defesa russos estejam sujeitos a sanções punitivas.

O Departamento de Estado disse na quarta-feira que uma decisão sobre as sanções para o acordo S-400 ainda não foi tomada.

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