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Bombardeios dos EUA deixaram 25 mortos, afirma grupo armado

Ataque aéreo no Iraque e na Síria mirou milícia apoiada pelo Irã; Washington acusa o grupo de ter disparado foguetes contra forças americanas

Por Vinicius Novelli Atualizado em 30 dez 2019, 12h25 - Publicado em 30 dez 2019, 11h56
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  • Os Estados Unidos realizaram na noite domingo 30 uma série de bombardeios “defensivos” contra posições do grupo armado Kataib Hezbollah no Iraque e na Síria. A justificativa do Pentágono foi o suposto ataque a bases americanas por essa milícia apoiada pelo governo iraniano, que resultou na morte de um civil americano e ferimentos em seis militares – quatro dos Estados Unidos e dois iraquianos.

    Segundo o grupo armado, 25 pessoas foram mortas e 55 ficaram feridas em decorrência dos bombardeios americanos. Um dos comandantes da milícia, Jamal Jaafar Ibrahimi, afirmou ainda no domingo que “o sangue dos mártires não será em vão” e que a reação contra o Exército americano na região será muito “dura”.

    No total, os Estados Unidos atingiram cinco alvos, três no Iraque e dois na Síria, que serviam como depósitos de armas e postos de comando do Kataib Hezbollah. Segundo o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, os locais eram utilizados para “planejar e executar ataques contra as forças da coalizão”. O grupo é designado como “terrorista” por Washington.

    Entre os mortos estão quatro comandantes da milícia, informou o grupo. Um dos ataques teve como alvo o quartel-general em Qaim, cidade iraquiana que faz fronteira com a Síria.

    As manifestações contestando a ação não se limitaram ao Kataib Hezbollah. O governo do Iraque condenou os bombardeios e o classificou como uma violação de soberania, e Teerã disse que a ação americana foi um incentivo ao terrorismo.

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    “Esses ataques provaram, mais uma vez, que os americanos mentem ao alegar que lutam contra o Estado Islâmico“, disse o porta-voz do governo iraniano, Abbas Mousavi. “Os Estados Unidos miram contra as posições de forças que por anos impuseram derrotas significativas contra os terroristas do Daesh“, afirmou Mousavi, referindo-se ao nome do Estado Islâmico em árabe. Os Estados Unidos deverão “aceitar as consequências de seus atos ilegais”, concluiu o porta-voz.

    As milícias no Iraque fazem parte, informalmente, do governo iraquiano e funcionam como um braço do Exército do país. Elas atuam com autodeterminação e recebem ajuda em forma de treinamento e armamento do Irã. O Kataib Hezbollah “possui um forte vínculo com as Forças Quds (a elite da Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC)) e repetidamente recebem ajuda do Irã, usando-a para atacar as forças da coalizão”, segundo o Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

    Outra milícia pró-Irã que atua no Iraque, a Asaib Ahl Haq, disse que “a presença militar americana se tornou um fardo para o Estado iraquiano e é a fonte de ameaças contra nossas forças”. “É imperativo para nós, portanto, fazer o que for necessário para expulsá-los usando de toda e qualquer meio legal”, concluiu.

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    Os Estados Unidos voltaram ao Iraque em 2014, sob a gestão do ex-presidente Barack Obama, para lutar contra a ascensão do Estado Islâmico no país. A tensão entre essas milícias apoiadas pelo Irã e os americanos não aumentou no período por causa da luta contra um inimigo comum. Após a eleição de Donald Trump, uma série de medidas contra Teerã colocou os dois países à beira de um conflito militar aberto.

    Em março de 2018, Trump decidiu retirar os Estados Unidos do tratado nuclear firmado entre seis potências com o Irã sob a acusação de o texto de ser “o pior acordo já feito na história” do país. Desde então, o governo americano lançou sua campanha de “pressão máxima” contra a economia iraniana, por meio da imposição de sanções. Em um ano, a inflação subiu acima dos 50% e o Produto Interno Bruto (PIB) retroagiu em 6%, segundo o Departamento de Estado.

    Por duas vezes, os Estados Unidos e o Irã quase começaram uma guerra. A primeira, em junho passado, a IRGC abateu um drone militar americano no Estreito de Ormuz, alegando violação do espaço aéreo. Como represália, Trump ordenou um ataque com mísseis contra o país, mas recuou logo em seguida. Meses depois veio o ataque dos houtis, do Iêmen, contra uma refinaria da Aramco, estatal de petróleo da Arábia Saudita. Os Estados Unidos acusaram Teerã de estar por trás do bombardeio e ofereceram apoio aos sauditas para o caso um contra-ataque ser necessário, o que não ocorreu.

    Com os ataques contras as milícias iraquianas apoiadas por Teerã, as tensões na região aumentam, e o risco de um novo conflito armado surge no horizonte. Mousavi alertou que, para a paz ser alcançada, “os Estados Unidos devem por fim em sua presença e ocupação” dos territórios sírio e iraquiano.

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