O governo dos Estados Unidos acusou oficialmente a Coreia do Norte pelo ataque virtual que causou transtornos bilionários em maio deste ano. O país já era suspeito de estar por trás do vírus WannaCry, que infectou 300.000 computadores de 150 países diferentes, mas apenas agora Washington apontou formalmente Pyongyang como culpada.
A acusação partiu do assessor de Segurança Nacional americano, Tom Bossert, em um artigo publicado no Wall Street Journal em que afirma que “a Coreia do Norte foi diretamente responsável” pelo ataque. Ele deve apresentar mais detalhes em uma entrevista coletiva prevista para esta terça-feira. “Não fazemos esta acusação de modo leve. Está baseada em evidências”, escreveu, embora não tenha apresentado provas.
O WannaCry infectou os computadores do Serviço Nacional de Saúde britânico, obrigando 48 hospitais e clínicas de saúde a cancelarem consultas e até cirurgias. Além disso, a empresa de telecomunicações espanhola Telefónica e a empresa americana de logística FedEx também foram afetadas pelo ataque, entre muitos outros serviços. O vírus bloqueava os documentos dos usuários e os hackers exigiam de suas vítimas resgate por meio do pagamento com a moeda eletrônica bitcoin para liberar as máquinas.
O ataque WannaCry se propagou rapidamente por todo o mundo aproveitando uma falha do sistema operacional Windows XP. “Estas perturbações colocaram vidas em risco”, completou Bossert. “A Coreia do Norte atuou de modo especialmente mau, em grande parte não monitorada, durante mais de uma década, e seu comportamento malicioso é cada vez mais escandaloso. O WannaCry foi indiscriminadamente imprudente”.
Bossert afirmou que Washington deve liderar os esforços de cooperação com outros governos e empresas para “mitigar o risco cibernético e aumentar os custos para os ‘hackers’”, além de melhorar a segurança da internet.
Segundo a Reuters, um funcionário do alto escalão do governo americano informou sob condição de anonimato que o governo dos Estados Unidos verificou com “um grau muito alto de confiança” a relação entre o Grupo Lázaro, que trabalha em nome do governo norte-coreano, com o ataque WannaCry.
O grupo também é suspeito de estar por trás do ataque à Sony Pictures Entertainment, em 2014, em que destruiu arquivos, vazou comunicações corporativas na internet e levou à saída de vários executivos de primeiro escalão do estúdio. A empresa havia lançado naquele ano um filme que satirizava o líder norte-coreano, Kim Jong-un.
A Coreia do Norte vem negando repetidamente a responsabilidade pelo WannaCry e classificou outras alegações de ataques cibernéticos como uma campanha de difamação.
A acusação vem em um momento de preocupação crescente com a habilidade norte-coreana de realizar invasões digitais e com seu programa de armas nucleares. Muitos pesquisadores de segurança, incluindo a empresa Symantec, além do governo britânico, já tinham concluído que a Coreia do Norte provavelmente estava por trás do ciberataque.
(xom AFP e Reuters)