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EUA e Índia assinam série de acordos para ‘elevar relação de patamar’

O presidente americano, Joe Biden, estendeu o tapete vermelho para o líder indiano, Narendra Modi, na esperança de contrapor poderio chinês

Por Da Redação
Atualizado em 23 jun 2023, 09h30 - Publicado em 23 jun 2023, 09h16
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  • O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, assinaram uma série de acordos nas áreas de defesa e comércio nesta sexta-feira, 23, depois que a Casa Branca estendeu o tapete vermelho para o convidado com objetivo de combater a influência global da China.

    Embora os países não sejam aliados formais vinculados a tratados e a Índia mantenha sua postura de não-alinhamento, Washington quer que Nova Déli seja um contrapeso estratégico para a China. Nenhum dos líderes criticou Pequim diretamente em declarações oficiais, mas aludiram ao governo liderado por Xi Jinping.

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    “As nuvens negras de coerção e confronto estão lançando sua sombra no Indo-Pacífico”, disse Modi em discurso ao Congresso, algo reservado às visitas de Estado mais importantes. “A estabilidade da região tornou-se uma das preocupações centrais da nossa parceria.”

    Depois de uma bilateral de quase duas horas, Biden e Modi emitiram uma declaração conjunta alertando sobre o aumento das tensões e ações desestabilizadoras no Mar da China Oriental e Meridional e enfatizando a importância do direito internacional e da liberdade de navegação.

    “Os desafios e oportunidades que o mundo enfrenta neste século exigem que a Índia e os Estados Unidos trabalhem e liderem juntos, e nós estamos fazendo isso”, disse Biden ao dar as boas-vindas a Modi na Casa Branca.

    O jantar de Estado, realizado em uma grande tenda erguida no gramado sul da Casa Branca na quinta-feira 22, contou com vários executivos do Vale do Silício, incluindo Tim Cook, da Apple, Anne Wojcicki, CEO da 23andMe, Sundar Pichai, CEO do Google, e Sam Altman, CEO da OpenAI.

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    Modi está tentando elevar o status da Índia – com 1,4 bilhão de habitantes, o país mais populoso do mundo e a quinta maior economia – no cenário mundial como uma potência diplomática e comercial, enquanto navega por relações tensas com a China.

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    Washington teme os laços estreitos da Índia com a Rússia, devido à sua dependência do petróleo do país, enquanto Moscou trava uma guerra na Ucrânia. Modi evitou mencionar diretamente a Rússia, mas disse ao Congresso americano que o conflito estava “causando grande dor na região”.

    A visita, contudo, gerou polêmica. O discurso ao Congresso foi boicotado por alguns legisladores liberais, devido às acusações de abusos do governo Modi à minoria muçulmana da Índia.

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    “Encorajo meus colegas que defendem o pluralismo, a tolerância e a liberdade de imprensa a se juntarem a mim para fazer o mesmo”, tuitou a deputada Alexandria Ocasio-Cortez na quarta-feira 21. No discurso, Modi negou as acusações de deterioração dos direitos humanos na Índia.

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    Questionado por um repórter americano sobre quais medidas ele tomaria para melhorar os direitos dos muçulmanos e outras minorias, Modi disse que “não há nenhum espaço para discriminação” na Índia. Já o presidente Biden disse a repórteres que os dois tiveram uma discussão direta sobre valores democráticos.

    Novo patamar

    Os dois países anunciaram acordos sobre semicondutores (chips de computador e celulares), minerais essenciais, tecnologia, cooperação espacial e cooperação de defesa.

    Alguns dos pactos visam diversificar as cadeias de suprimentos ligadas à indústria americana, para reduzir a dependência da China. Outros pretendem dominar o mercado de tecnologias avançadas, que podem aparecer nos campos de batalha do futuro. Biden e Modi também encerraram as disputas na Organização Mundial do Comércio e a Índia removeu algumas tarifas sobre produtos americanos.

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    Dentre os pontos principais, a fabricante de chips Micron Technology planeja uma unidade de teste e embalagem de semicondutores de US$ 2,7 bilhões, a ser construída no estado natal de Modi, Gujarat. Os Estados Unidos também facilitarão a obtenção de vistos por trabalhadores indianos qualificados.

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    Os Estados Unidos são o maior parceiro comercial da Índia, mas têm relações comerciais muito maiores com a China, a União Europeia e os vizinhos norte-americanos.

    O secretário de Relações Exteriores da Índia, Vinay Kwatra, disse que a visita até agora foi “verdadeiramente inovadora” e Nova Déli está confiante de que ajudará a elevar o relacionamento com Washington a “outro patamar”.

    “As decisões tomadas durante a visita são verdadeiramente transformadoras em uma ampla gama de áreas. Naturalmente, é algo que é possível quando os países confiam profundamente uns nos outros e estão nisso a longo prazo”, disse a repórteres.

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