Os rebeldes houthi do Iêmen dispararam uma de suas maiores salvas de drones e mísseis contra navios no Mar Vermelho nesta quarta-feira, 10, forçando as marinhas dos Estados Unidos e do Reino Unido a abater os projéteis em um grande confronto. Não houve nenhum dano ou ferimento aparente, segundo autoridades americanas.
O ataque dos houthis, apoiados pelo Irã, ocorreu apesar de uma votação planejada no Conselho de Segurança das Nações Unidas, ainda nesta quarta-feira, com objetivo de condenar e exigir a suspensão imediata dos disparos dos rebeldes. A facção iemenita afirma que seus ataques visam parar a guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza.
No entanto, os seus alvos têm uma relação cada vez mais tênue, ou até inexistente, com Israel, e colocam em perigo uma das rotas comerciais mais importantes do mundo, que liga a Ásia e o Oriente Médio à Europa. Isso aumenta o risco de um ataque retaliatório dos Estados Unidos contra o Iêmen, que poderá inflamar o conflito na região.
O incidente
A investida desta quarta aconteceu perto das cidades portuárias iemenitas de Hodeida e Mokha, de acordo com a empresa privada de inteligência Ambrey. No incidente de Hodeida, a Ambrey disse que navios avistaram mísseis e drones, e receberam orientações de embarcações de guerra americanas na área para “prosseguirem na velocidade máxima”. Em Mokha, os navios viram mísseis e drones, bem como pequenas embarcações os seguindo.
O Comando Central militar dos EUA (Centcom) disse que o “ataque complexo” lançado pelos houthis incluiu drones transportadores de bombas, mísseis de cruzeiro anti-navios e um míssil balístico anti-navios.
O Centcom afirmou ainda que 18 drones, dois mísseis de cruzeiro e o míssil anti-navio foram abatidos por um caça F-18, que partiu do navio superporta-aviões USS Eisenhower, bem como por destróieres americanos da classe Arleigh Burke – o USS Gravely, o USS Laboon e o USS Mason. Além disso, um HMS Diamond, também um destróier com mísseis guiados, do Reino Unido.
“Este é o 26º ataque Houthi às rotas marítimas comerciais no Mar Vermelho desde 19 de novembro. Os navios são aconselhados a transitar com cautela e reportar qualquer atividade suspeita”, declarou o Centcom em comunicado.
Os rebeldes
Os houthis, um grupo xiita que trava uma guerra civil contra o governo oficial do Iêmen desde 2014 e tem controle da capital, não reconheceram formalmente o lançamento dos ataques. No entanto, a Al Jazeera reportou que um oficial militar houthi disse, sob condição de anonimato, que suas forças “atacaram um navio ligado a Israel no Mar Vermelho”, sem dar mais detalhes.
O Irã rejeitou os apelos dos Estados Unidos e do Reino Unido para suspender seu apoio aos ataques dos rebeldes contra navios ligados a Israel. Uma coalizão de nações liderada por Washington tem patrulhado o Mar Vermelho para tentar impedir os ataques.