Comandantes do grupo extremista Talibã se reuniram secretamente com diplomatas americanos na semana passada em Doha, no Qatar, para discutir um possível processo de paz no Afeganistão, segundo a rede de televisão BBC. A guerra no país perdura há 17 anos.
A equipe dos Estados Unidos foi liderada pela vice-secretária-assistente de Estado, Alice Wells, com quem um dos negociadores do Talibã afirmou ter tido uma “conversa muito importante”, porém, “preliminar”. A proposta do encontro foi de abrir um canal de diálogo entre os dois lados.
“Nós concordamos em nos reunir novamente em breve para acabar com o conflito por meio do diálogo”, afirmou um dos representantes do Talibã à agência de notícias Reuters.
A delegação do Talibã teria sido liderada por Abbas Stanikzai. O Departamento de Estado americano confirmou a presença de Wells no Catar para reuniões com representantes do governo do Afeganistão, mas nada mencionou sobre o encontro da diplomata com os membros do grupo fundamentalista islâmico.
O Talibã governou o Afeganistão entre 1996 e 2001. Foi derrubado pelos militares americanos, que ocuparam o país logo depois do ataque terrorista de 11 de setembro, da Al Qaeda, em Nova York e Washington. Uma tentativa de negociação entre o governo afegão e os fundamentalistas, mediada pelos Estados Unidos em 2013, não prosperou.
A fórmula das conversas diretas entre Washington e o Talibã foi determinada pelo governo de Donald Trump em junho, depois um cessar-fogo de três dias – o mais longo desde o início do conflito. Naquela ocasião, os líderes do grupo fundamentalista deixaram claro que não negociariam a paz se membros do atual governo afegão estivessem à mesa.
Trump também aprovou a estratégia de acirrar os bombardeios aéreos sobre posições do Talibã como meio de forçar sua liderança a optar pela negociação. Os ataques de ambos os lados no Afeganistão continuam com a mesma brutalidade. Somente no ano passado, 3.438 civis afegãos foram mortos e outros 7.015 foram feridos por causa do conflitos, segundo a Missão das Nações Unidas de Assistência no Afeganistão (Unama).