EUA enviam porta-aviões ao Oriente Médio em meio a conflito Israel-Irã
Mais de trinta aeronaves de reabastecimento também partiram de bases americanas; Teerã diz que Washington é 'cúmplice' de ataques israelenses

Os Estados Unidos enviaram o porta-aviões USS Nimitz para o Oriente Médio nesta segunda-feira, 16, para oferecer “opções” ao presidente americano, Donald Trump, diante do conflito crescente entre Israel e Irã, segundo a agência de notícias Reuters. A embarcação partiu do Mar da China Meridional nesta manhã, cancelando uma escala planejada no centro do Vietnã, e mudou de curso para oeste, em direção à explosiva região onde Tel Aviv e Teerã trocam disparos há quatro dias.
Ao mesmo tempo, mais de 30 aviões-tanque da Força Aérea americana decolaram de bases nos Estados Unidos rumo ao leste, através do Atlântico, de acordo com o site de rastreamento de voos Flightradar24. As aeronaves KC-135 e KC-46 são necessárias para reabastecer jatos que participam de ataques distantes de seu país de origem, como os aviões de guerra israelenses que atingiram o Irã.
Algumas autoridades americanas, no entanto, descreveram parte desses movimentos como rotineiros, ou relacionados a exercícios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Europa. O Departamento de Estado dos Estados Unidos negou qualquer envolvimento direto nos ataques aéreos israelenses contra o Irã e enfatizou que o apoio de Washington a Tel Aviv se limita a medidas defensivas.
Escalada de hostilidades
O reposicionamento dos ativos militares dos Estados Unidos ocorre no quarto dia de conflito Israel-Irã, após as forças israelenses terem lançado ataques em território iraniano na sexta-feira passada. A ação mirou, em particular, locais ligados ao programa nuclear iraniano e eliminou o alto escalão do comando militar do país. A República Islâmica continua afirmando que as atividades de enriquecimento de urânio não têm fins militares, embora países ocidentais e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmem que poderiam ser usadas para fabricar uma bomba atômica.
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O Irã respondeu com ataques de mísseis contra cidades israelenses, que atingiram prédios residenciais e fábricas. Desde o início do conflito, pelo menos 22 israelenses, a maioria civis, morreram. Israel, por sua vez, matou ao menos 224 pessoas no Irã, 90% das quais seriam civis, segundo o Ministério da Saúde do país. Mais de 1.400 pessoas ficaram feridas.
Os Estados Unidos, segundo a agência de notícias Reuters, estão mobilizando forças para proteger seus funcionários no Oriente Médio e se preparar para uma potencial escalada das hostilidades, com temores de uma guerra total na região.
Mobilização de ativos militares
O porta-aviões USS Nimitz tinha visita prevista para a cidade de Danang, no Vietnã, ainda nesta semana. Uma recepção formal marcada para 20 de junho, contudo, foi cancelada devido a uma “necessidade operacional emergente”, de acordo com a Embaixada americana em Hanói. O porta-aviões havia concluído recentemente operações de segurança marítima no Mar da China Meridional, parte do que a Frota do Pacífico dos Estados Unidos descreveu como a “presença de rotina da Marinha no Indo-Pacífico”.
Após o cancelamento, dados de rastreamento do navio confirmaram que a embarcação estava se movendo para oeste, em direção ao Oriente Médio.
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Quanto aos aviões-tanque, autoridades americanas afirmaram que eles podem participar de um exercício programado da Otan na Europa. O Departamento de Estado instruiu diplomatas a garantir aos governos anfitriões que os Estados Unidos não estão apoiando as investidas aéreas de Israel contra o Irã e não forneceram qualquer assistência para reabastecimento de aeronaves israelenses.
“Não estamos envolvidos em ataques contra o Irã e nossa principal prioridade é proteger as forças americanas na região”, declarou o secretário de Estado americano, Marco Rubio.
Em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira, porém, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmaeil Baqaei, acusou Washington de cumplicidade nos ataques de Israel, afirmando que “os políticos americanos são parte deste ato de agressão”. Ele acrescentou que as operações israelenses utilizaram armas fornecidas pelos Estados Unidos e classificou-as como uma violação do direito internacional. Segundo ele, o envolvimento de Washington tornou as negociações sobre um acordo nuclear com Teerã “praticamente sem sentido”.
A escalada da guerra entre Irã e Israel coincide com a cúpula do G7, que começa nesta segunda-feira, no Canadá, onde os líderes devem desviar as atenções de outras questões para levantar possibilidades diplomáticas de apaziguamento do conflito. Trump alertou o Irã que haverá graves consequências caso ativos americanos sejam alvos de ataques, ao mesmo tempo que reafirmou o “direito de autodefesa” de Israel.