EUA estão virando uma autocracia sob Trump, alerta bilionário que é ‘guru de Wall Street’

Conhecido como o “guru de Wall Street” e um dos bilionários de fundos de investimentos mais proeminentes do mundo, o americano Ray Dalio lançou um alerta: os Estados Unidos estão virando uma autocracia sob o presidente Donald Trump. A declaração foi dada em uma entrevista ao jornal britânico Financial Times publicada nesta terça-feira, 2.

De acordo com Dalio, fundados da Bridgewater Associates, “lacunas na riqueza” e um colapso na confiança estão impulsionando políticas “mais extremas” nos Estados Unidos. O financista afirmou que, como em muitos países ocidentais, a desigualdade social crescente está empurrando eleitores para líderes autocráticos. Ele também condenou empresários por não se manifestarem contra as decisões de Trump.

“Acho que o que está acontecendo agora, política e socialmente, é análogo ao que aconteceu em todo o mundo no período de 1930 a 1940”, disse ele, fazendo referência à época da ascensão de Adolf Hitler na Alemanha.

“Historicamente, o aumento da desigualdade de riqueza e valor levou ao aumento do populismo da direita e da esquerda, além de diferenças irreconciliáveis ​​entre eles que não podem ser resolvidas pelo processo democrático. Assim, as democracias enfraquecem e a liderança autocrática aumenta, à medida que uma grande porcentagem da população deseja que os líderes de governo assumam o controle do sistema para que as coisas funcionem bem para eles”, explicou ao Financial Times.

Crise da dívida

Dalio também levantou preocupações com um aumento significativo nos empréstimos do governo dos Estados Unidos. Em seus livros, Principles for Dealing with the Changing World Order e How Countries Go Broke: the Big Cycle, ele descreveu como grandes déficits anuais de gastos e o crescimento insustentável da dívida pública deixaram a economia americana à beira de uma crise — uma situação que se agravou ao longo de muitos anos.

“Os grandes excessos agora projetados como resultado do novo orçamento provavelmente causarão um ataque cardíaco induzido pela dívida em um futuro relativamente próximo”, disse ele. “Eu diria três anos, mais ou menos um ou dois anos.”

Interferência no Fed

Ele também expressou preocupação com a interferência de Trump nas decisões do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, e com a compra de ações de empresas para promover seu programa “Made in America”. O presidente dos Estados Unidos quer que o Fed corte as taxas de juros para impulsionar o crescimento econômico e combater o aumento do desemprego. Mas o presidente do banco, Jay Powell, alertou que o “tarifaço” de Trump pode elevar os preços e a inflação, fazendo com que investidores se livrem de ativos financeiros americanos — o que levaria a uma desvalorização. Assim, não seria possível baixar os juros.

A interferência direta no banco central “minaria confiança no Fed em defender o valor do dinheiro e tornaria a posse de ativos de dívida denominados em dólares menos atraente, o que enfraqueceria a ordem monetária como a conhecemos”. “E, a propósito, nesses momentos, a maioria das pessoas fica em silêncio porque tem medo de retaliação se fizer críticas”, alfinetou.

Dalio, que tem um patrimônio líquido de cerca de US$ 19 bilhões, fundou a Bridgewater em 1975 e construiu a empresa ao longo de décadas para administrar cerca de US$ 170 bilhões em fundos de investidores, de acordo com os últimos registros.

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