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EUA: mais de 40% da população prevê guerra civil dentro de uma década

Pesquisa aponta que mais da metade dos republicanos acreditam que aumento de violência política pode levar a conflito armado no país

Por Camille Mello
30 ago 2022, 10h57

Uma nova pesquisa de opinião revelou que quase metade da população dos Estados Unidos acredita que uma guerra civil poder acontecer nos próximos dez anos.

De acordo com o levantamento, 43% dos entrevistados disseram que a guerra civil era pelo menos um pouco provável. Entre democratas fortes e independentes, esse número era de 40%. Mas entre apoiadores do Partido Republicano, legenda do ex-presidente Donald Trump, o número sobe para 54%.

Realizada pela YouGov, empresa de pesquisa de mercado com sede no Reino Unido, em parceria com a revista britânica The Economist, a pesquisa descobriu que 65% dos entrevistados percebem um aumento da violência política desde o início de 2021, período em que ocorreu o ataque de apoiadores de Trump ao Capitólio.

Ainda de acordo com a sondagem, 62% prevê um crescimento da violência entre os civis nos próximos anos.

Os resultados são divulgados em meio ao aumento dos temores de autoridades do país em relação à mobilização de aliados de Trump contra as decisões do governo.

No domingo 28, a senadora da Carolina do Sul, Lindsey Graham, alertou para o risco de “motins nas ruas” caso o ex-presidente seja punido por armazenar em seu residência arquivos confidenciais da Casa Branca. Agentes do FBI recuperaram mais de 300 documentos na propriedade de Trump no início do mês.

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Mary McCord, ex-vice-procuradora-geral interina dos Estados Unidos, também apontou para o perigo dos republicanos reagirem com violência. “O que [Trump] sabe e o que Lindsey Graham também sabe é que as pessoas são mobilizadas por discursos como o dele”, disse à emissora CNN, referindo-se à invasão ao Congresso como uma tática política do ex-presidente e seus aliados.

Na ocasião, Graham criticou a postura de Trump contra a operação de busca em sua mansão na Flórida, afirmando ser “incrivelmente irresponsável que um funcionário eleito fizesse ameaças veladas apenas pelo fato da polícia e do Departamento de Justiça estarem fazendo seu trabalho”.

Os temores de violência política aumentaram após o incidente de 6 de janeiro. Nove mortes, incluindo suicídios entre policiais, foram relacionadas ao ataque ao Capitólio, quando os apoiadores de Trump incentivaram o motim como represália à sua derrota nas eleições para Joe Biden.

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Os rumores são sustentados principalmente porque políticos republicanos, que apoiam a teoria de que as eleições de 2020 foram fraudadas, são candidatos ao Congresso, às mansões do governador e aos principais cargos nas próximas eleições estaduais.

Reforçando o argumento, uma pesquisa do Instituto de Política da Universidade de Chicago divulgada no final de junho revelou que 28% dos residentes dos Estados Unidos desconfiam tanto do governo que seriam capazes de pegar em armas contra ele. Dos insatisfeitos, 37% tinham armas em suas casas.

Entretanto, a maioria dos especialistas acredita que é improvável um conflito armado em grande escala, como a guerra civil americana de 1861.

“Países com democracias e governos tão fortes quanto os americanos não caem em guerra civil. Mas se nossas instituições enfraquecerem, a história pode ser diferente”, disse ao The Guardian Rachel Kleinfeld, especialista do Fundo Carnegie para a Paz Internacional, instituto de pesquisa sobre política externa.

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