Os Estados Unidos cumpriram nesta quinta-feira, 23, sua promessa de apoiar oficialmente o ingresso do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), segundo o Itamaraty. A recusa do país governador por Donald Trump era o principal obstáculo à candidatura brasileira.
“O Brasil agradece o gesto de confiança e está pronto a trabalhar com todos os membros e o Secretariado no processo de acessão. Passo decisivo!”, afirmou o Itamaraty em sua conta no Twitter.
A posição americana foi expressa pela Embaixada dos Estados Unidos em Brasília nesta quinta-feira, quando em Paris está reunido o Conselho da OCDE, que decidirá sobre novas adesões. Até agora, os Estados Unidos apoiavam apenas a inclusão da Argentina. Os europeus querem o ingresso da Croácia, Romênia e Bulgária.
A promessa dos Estados Unidos foi um dos resultados da visita de Jair Bolsonaro ao presidente americano, em março. O pleito brasileiro foi encampado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que vê a adesão ao chamado clube dos países ricos como um selo internacional de confiança no Brasil.
“Estou apoiando o Brasil para entrar na OCDE”, dissera Trump, no Salão Oval da Casa Branca, onde recebera Bolsonaro no dia 19 de março.
O apoio formal dos Estados Unidos para a entrada do Brasil na OCDE é considerado crucial, mas veio com uma contrapartida. Em troca, o governo brasileiro concordou em “começar a renunciar” ao tratamento diferenciado dado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) aos países em desenvolvimento. Para Washington, isso ajudaria a abrir caminho para a reforma que o país propõe nas regras globais de trocas comerciais.
No início de maio, o assessor especial para assuntos internacionais do governo Bolsonaro, Filipe Martins, desmentiu a informação de que diplomatas americanos descumpriram o acordo feito com o Brasil sobre a OCDE. Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, representantes de Washington não haviam se manifestado sobre o tema em reunião da organização, em Paris, contrariando o que seria esperado pelas autoridades brasileiras.
Em postagem no Twitter, Martins disse que a posição americana permanecia a mesma. Segundo ele, contudo, “há um impasse sobre o número de vagas a serem abertas na organização, decisão que demandará consenso: enquanto países europeus desejam abrir 6 vagas, outros desejam abrir apenas 4, mas todos apoiam o acesso do Brasil”.