EUA pedem suspensão da Rússia no Conselho de Direitos Humanos da ONU
Washington cita 'crimes de guerra' na cidade ucraniana de Bucha. Exclusão por violações graves aconteceu apenas uma vez desde fundação do órgão, em 2006
A embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, anunciou nesta segunda-feira, 4, que o país vai buscar a suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU, diante das “recentes provas” de que estão sendo cometidos “crimes de guerra” na Ucrânia.
Em publicação nas redes sociais, a diplomata afirmou que não é possível permitir que uma nação que está “subvertendo todos os princípios” básicos da organização siga participando do Conselho, formado por 47 integrantes eleitos para mandatos de três anos pela Assembleia-Geral.
A suspensão de um país por violações graves aconteceu apenas uma vez desde a fundação do órgão, em 2006. Na ocasião, a Líbia foi expulsa em 2011 pela repressão dos protestos populares contra o regime de Muammar al-Gaddafi.
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“A participação da Rússia no Conselho de Direitos Humanos é uma farsa. Está errado, e é por isso que acreditamos que é hora de a Assembleia-Geral votar para removê-la”, disse ela durante visita à Romênia, que deseja que a votação ocorra já nesta semana.
Para suspender a participação de um país do Conselho, é necessário o voto favorável de dois terços dos 193 disponíveis. Desde o início da invasão russa à Ucrânia, em 24 de fevereiro, as Nações Unidas adotaram duas resoluções denunciando e condenando a Rússia com 140 votos a favor.
“Minha mensagem para os 140 países que corajosamente se uniram é: as imagens de Bucha e a devastação na Ucrânia exigem que agora combinemos nossas palavras com ação”, completou a diplomata.
Em resposta, o embaixador da Rússia na ONU, Gennady Gatilov, disse que dificilmente a iniciativa terá apoio da maioria.
“Washington explora a crise na Ucrânia para seu benefício na tentativa de excluir ou suspender o nosso país de organizações internacionais”, disse ele.
A cidade de Bucha foi atacada pelas tropas de Moscou durante semanas e, após retomada por forças ucranianas, foram encontradas centenas de corpos nas ruas. Algumas vítimas, segundo o governo ucraniano e imagens veiculadas por veículos internacionais de imprensa, estavam com as mãos amarradas e pareciam ter sido mortas com tiros pelas costas.
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O Kremlin nega categoricamente a participação de seus militares em crimes contra civis na região. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, acusou os Estados Unidos de encomendarem as mortes para culpar os russos.
Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o governo russo encontrou indícios de “falsificação das imagens” e pediu para que o Ocidente não faça acusações precipitadas antes de “ouvir os argumentos russos”.
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