EUA planejam ativar sistema antimísseis na Coreia do Sul
A China se opôs abertamente à instalação do escudo, que acredita representar um fator de instabilidade regional
Os Estados Unidos afirmaram que planejam ativar seu sistema de defesa antimísseis na Coreia do Sul “dentro de dias”, além de reforçar as sanções econômicas contra a Coreia do Norte. Os anúncios do governo do presidente Donald Trump foram feitos em meio aos crescentes temores sobre os avanços militares de Pyongyang.
O escudo antimísseis Thaad foi projetado para interceptar e destruir mísseis balísticos norte-coreanos de curto e médio alcance durante a fase final de voo. Originalmente, só era esperado que o sistema fosse usado no final de 2017, mas diante das promessas do regime de Kim Jong-un de realizar mais testes com mísseis e nucleares nos próximos dias, as duas nações concordaram em antecipar sua instalação.
Estados Unidos e Coreia do Sul decidiram instalar o Thaad após as negociações de março entre o presidente interino sul-coreano Hwang Kyo-ahn e o vice-presidente americano Mike Pence. O ministério sul-coreano da Defesa informou nesta quarta-feira que espera aplicar a fase operacional do escudo “o mais rápido possível”.
Falando aos membros do Congresso americano na Casa Branca na quarta-feira, Adm Harry Harris, comandante do Comando do Pacífico dos EUA, disse que o Thaad estaria “operacional nos próximos dias para poder defender melhor a Coreia do Sul contra a crescente ameaça da Coreia do Norte”.
China
A China se opõe abertamente à instalação do escudo porque considera que representa um fator de instabilidade regional e uma ameaça para suas próprias capacidades balísticas. Pequim reagiu de modo muito negativo ao anúncio da instalação do escudo e determinou uma série de medidas que Seul considera represálias econômicas.
Uma das medidas foi a proibição, a partir de 15 de março, das viagens de grupos de turistas chineses a Coreia do Sul, o que afeta a indústria local. O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, também exigiu o fim das manobras militares conjuntas entre Estados Unidos e Coreia do Sul.
Pressão diplomática
Um comunicado conjunto do chefe do Pentágono, Jim Mattis, do secretário de Estado americano, Rex Tillerson, e do diretor da Inteligência Nacional, Dan Coasts, informou nesta quarta-feira que o presidente Trump tem como objetivo “pressionar a Coreia do Norte para que desmonte seus programas nucleares, balísticos, de mísseis e de proliferação, endurecendo as sanções econômicas e buscando medidas diplomáticas com nossos aliados”.
A tensão aumentou na península coreana nos últimos meses e o governo de Trump deu respostas belicosas aos testes de mísseis balísticos norte-coreanos. Trump e vários funcionários do governo americano afirmaram que todas as opções, incluindo as militares, estão “sobre a mesa”. O presidente americano declarou na segunda-feira que o Conselho de Segurança da ONU deveria “estar preparado” para impor novas sanções a Pyongyang.
Mas a Coreia do Norte não demonstra a intenção de recuar. Após um gigantesco desfile militar em 15 de abril para celebrar o 105º aniversário do nascimento do fundador do regime, Kim Il Sung, a Coreia do Norte anunciou que realizou importantes exercícios militares na terça-feira, por ocasião do aniversário de 85 anos da criação do exército.
(Com AFP)