O secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev, acusou os Estados Unidos de estarem preparando uma intervenção militar na Venezuela. Em declarações à agência RIA nesta terça-feira, 26, Patrushev afirmou que o deslocamento de tropas americanas para Porto Rico e Colômbia são sinais de uma estratégia de Washington para derrubar o ditador Nicolás Maduro com o uso de força.
Em entrevista à Interfax, o secretário também disse que a Rússia tinha concordado com reuniões propostas pelo governo dos Estados Unidos sobre a situação na Venezuela, uma aliada próxima de Moscou, mas acrescentou que o governo de Donald Trump adiou repetidamente essas consultas, usando “pretextos inventados.”
“A realocação de unidades das forças especiais americanas para Porto Rico, de tropas do Exército dos Estados Unidos para a Colômbia e outros fatos mostram evidentemente que o Pentágono está aumentando seu poder militar na região para usá-lo na retirada do Presidente Maduro.”
“O povo da Venezuela vê isso claramente”, Patrushev acrescentou, insinuando que essa percepção aumenta o apoio ao ditador e motiva Maduro a recusar a ajuda oferecida “por um Estado agressor.” Nas últimas semanas, o chavista vem bloqueando a entrada de ajuda humanitária enviada pelos Estados Unidos e outros países que apoiam o presidente autoproclamado Juan Guaidó, alegando que Washington pode enxergar as remessas de mantimentos como uma oportunidade de importar suas armas para o país latino-americano.
No último final de semana, o fechamento das fronteiras entre a Venezuela e os países vizinhos foi motivo de conflitos entre a Guarda Nacional Bolivariana (GNB), apoiadora de Maduro, e manifestantes que tentavam chegar aos caminhões estrangeiros nos limites com a Colômbia e o Brasil. Enquanto muitos líderes mundiais condenam o uso de força em uma intervenção ao governo de Maduro, Trump confirmou que o envio de tropas americanas para a Venezuela estava entre as “opções na mesa.”
Em entrevista recente à rede britânica BBC, Maduro já acusou os Estados Unidos de tramarem um golpe de Estado contra ele. No mês passado, o governo russo, fiel apoiador do governo chavista, também criticou a mediação ostensiva dos americanos sobre a crise venezuelana. Segundo um comunicado do Kremlin, o presidente Vladimir Putin telefonou para Maduro e “enfatizou que a destrutiva interferência externa é uma violação grosseira das normas fundamentais da lei internacional.”
Como forma de reforçar sua rejeição aos carregamentos americanos e a força de suas alianças paralelas, Maduro anunciou na última segunda-feira 18 que uma grande remessa de ajuda humanitária russa estava a caminho da Venezuela. “Na quarta-feira (20) chegarão 300 toneladas de ajuda e assistência humanitária da Rússia”, disse Maduro à época em pronunciamento transmitido pela televisão, afirmando que o envio incluía “medicamentos de alto custo.”
O ditador venezuelano afirmou que o carregamento russo foi pago por seu governo e que ele entraria legalmente no país. A Venezuela atravessa uma grande crise social e econômica, enfrentando a escassez de alimentos e medicamentos em meio a uma hiperinflação devastadora, que já ultrapassou os 2.600.000%. Segundo a ONU, desde 2015, 3 milhões de venezuelanos já deixaram o país em busca de ajuda nos países vizinhos, criando também um problema migratório.
(com Reuters)