EUA retornarão ao Conselho de Direitos Humanos da ONU
A decisão marca outra reversão das políticas de Donald Trump pelo governo de Joe Biden

Na onda das anulações das muitas ordens executivas do ex-presidente Donald Trump, o governo de Joe Biden confirmou nesta segunda-feira, 8, que os Estados Unidos retornarão ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. O país havia abandonado a posição de observador em meados de 2018.
Durante uma reunião da organização, realizada em Genebra, na Suíça, o diplomata Mark J. Cassayre confirmou o regresso, que será oficializado ainda nesta segunda pelo secretário de Estado Antony Blinken. Ele destacou que essa é a forma mais efetiva de reformar e melhorar o órgão das Nações Unidas.
“Reconhecemos defeitos neste Conselho, mas sabemos que o organismo tem potencial para ser um importante fórum na luta contra as tiranias e as injustiças em todo o mundo”, garantiu Cassayre. O status de observador permitirá que o país fale com o conselho, faça parcerias com outras nações para apresentar resoluções na área dos direitos humanos e relações exteriores, além de participar de negociações.
Durante a presidência de Trump, os Estados Unidos abandonaram o órgão de debate sobre direitos humanos por considerar que havia uma postura parcial e tendenciosa contra Israel.
Com o regresso ao Conselho, que faz três reuniões anuais, os “Estados Unidos reafirmam seu compromisso com a promoção e a proteção dos direitos humanos em todo o mundo”, completou o diplomata. Ele enfatizou que o governo de Biden “acredita em uma política exterior focada na democracia, nos direitos humanos e na igualdade”.
Em comunicado, o secretário de Estado americano afirmou que o órgão ainda apresenta “foco desproporcional” em Israel. Contudo, Blinken admitiu que a saída em junho de 2018 “não fez nada para encorajar mudanças significativas, e, em vez disso, criou um vácuo de liderança deixado pelos Estados Unidos, que países com agendas autoritárias usaram a seu favor”.
O experiente diplomata é um dos principais colaboradores do democrata para política externa e foi o número dois do Departamento de Estado durante o governo de Barack Obama, quando Biden era vice-presidente. Ele substituiu Mike Pompeo, cuja herança à diplomacia americana incluiu uma relação sem concessões com a China e a contenção do Irã.
A volta dos Estados Unidos ao Conselho, que iniciará a próxima reunião no fim deste mês, é mais uma demonstração da aposta americana no multilateralismo, depois da volta do país à Organização Mundial da Saúde e ao Acordo de Paris – os quais Trump também havia abandonado, sob sua política de “America First” (“América em Primeiro Lugar”, na tradução).
(Com EFE)