O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira, 7, novas sanções contra figuras políticas da Venezuela, desta vez materializadas na revogação de vistos de integrantes da Assembleia Nacional Constituinte, um órgão paralelo ao Parlamento e dominado pelo partido de Nicolás Maduro.
“Estamos impondo restrições de vistos e a revogação de vistos dos membros da Assembleia Nacional Constituinte ilegítima” da Venezuela, afirmou o enviado especial do governo de Washington para esse país, Eliott Abrams, em entrevista coletiva.
A Assembleia Nacional Constituinte (ANC) da Venezuela é liderada atualmente por Diosdado Cabello, que já foi alvo de sanções do governo americano.
A entidade foi formada em 2017 em eleição considerada fraudada e boicotada pela oposição. Seus mais de 500 integrantes são todos governistas. O órgão, que não é reconhecido por boa parte da comunidade internacional, assumiu as funções do legislativo e é praticamente onipotente.
A ANC tem poder para destituir e nomear qualquer autoridade do Estado venezuelano, ditar e reformar leis, e implementar decisões sem necessidade do aval de qualquer outro poder, como ocorreu com a polêmica destituição da agora ex-procuradora-geral Luisa Ortega, que entrou em rota de colisão com Maduro.
Abrams pediu à comunidade internacional que se una à resposta dos Estados Unidos ao pedido de enviar ajuda humanitária à Venezuela feito por Juan Guaidó, o líder da Assembleia Nacional, que no último dia 23 de janeiro se autoproclamou presidente em exercício do país.
Além disso, em relação à reunião convocada entre ontem e hoje em Montevidéu pelo Uruguai e o México com a intenção de criar um Grupo Internacional de Contato sobre a Venezuela que buscar iniciar um diálogo para superar a crise, o funcionário americano pediu aos países que reconheçam Guaidó.
“O tempo para um diálogo com Maduro passou há tempo”, acrescentou o enviado, que ressaltou que, enquanto Maduro está “enganando”, Guaidó está fazendo apelos para que a assistência humanitária chegue ao seu país.
No final de janeiro, os Estados Unidos anunciaram sanções contra a companhia estatal Petróleos de Venezuela, a PDVSA. As medidas atingem todo o departamento político, as agências e o Banco Central da Venezuela, assim como o gabinete do regime de Nicolás Maduro.
Atualmente, os ganhos da empresa estatal são responsáveis por 96% do orçamento público do país latino-americano.
Hackers
A embaixada da Venezuela na Argentina denunciou nesta quinta que seu site foi vítima de um ataque cibernético com declarações em favor do reconhecimento de Juan Guaidó como presidente do país caribenho.
Durante algumas horas a página mostrava uma declaração falsa em nome do encarregado de negócios argentino, Juan José Valero, que “em resposta às decisões de outros diplomatas venezuelanos na região” reconheceu a Assembleia Nacional Legislativa da Venezuela como “único corpo legítimo” do país.
“@EmbaVen_Arg informa que o site da instituição foi hackeado, e nossa equipe diplomática ratifica sua LEALDADE ABSOLUTA com o presidente @NicolasMaduro e sua rejeição a essas ações ilegais que apenas expressam a falta de apoio para o novo ataque imperial. VAMOS VENCER!”, escrever a missão diplomática em sua conta no Twitter.
(Com EFE e AFP)