EUA têm ‘responsabilidade’ em ataque de Israel a embaixada, diz Irã
Declaração do ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, ocorreu durante visita a Damasco para inauguração de prédio da delegação
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, acusou nesta segunda-feira, 8, os Estados Unidos de permitirem que Israel atacasse o prédio da embaixada do país na Síria, resultando na morte de sete oficiais, na semana passada. A declaração ocorreu durante sua visita a Damasco para inauguração de um prédio da delegação iraniana. Ele também participou de reuniões com seu homólogo sírio, Faisal Mekdad, e com o presidente Bashar Assad.
“Gostaria de dizer em voz alta, daqui de Damasco, que a América tem responsabilidade pelo que aconteceu e deve ser responsabilizada”, disse a repórteres, baseando-se no fato de que os Estados Unidos e “dois países europeus” não condenaram a agressão israelense.
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O governo do presidente americano, Joe Biden, argumenta que não tinha conhecimento da investida aérea de Israel, de quem é aliado na guerra contra o grupo palestino radical Hamas, iniciada em 7 de outubro. Embora Washington reitere a sua inocência frente as acusações, a porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, responsabilizou Tel Aviv pelo ataque.
“Deixamos bem claro e em canais privados para o Irã que não éramos responsáveis pelo ataque que aconteceu em Damasco. Reitero que os EUA não tiveram envolvimento nesse ataque. E não tínhamos conhecimento disso com antecedência. Então vou deixar por isso mesmo”, acrescentou a repórteres em coletiva na terça-feira, 2.
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Irã x EUA
Ainda na última segunda-feira, quando o prédio consular foi destruído, Amir-Abdollahian informou que o enviado suíço em Teerã foi convocado pelo Ministério das Relações Exteriores do Irã, devido à representação dos interesses americanos pela Suíça. Ele alegou que, na reunião, “as dimensões do ataque terrorista e do crime do regime israelense foram explicadas e a responsabilidade da administração americana sublinhada” e que “os Estados Unidos deveriam ser responsáveis”.
A variação nas versões sobre o incidente evidenciam a tensão das relações Washington-Teerã, há muito desgastadas, em um contexto de guerra entre Israel e Hamas. Após os ataques dos militantes do Hamas em 7 de outubro, o Irã destacou que “apoia a legítima defesa da nação palestina”. Os EUA, por sua vez, estenderam apoio “sólido como uma rocha e inabalável” ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Em discurso, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse que o Irã tem o “direito natural” de responder ao ataque ao consulado, responsável pela morte de Mohammad Reza Zahedi, um alto oficial da Força Quds da Guarda Revolucionária Iraniana. O grupo político e militante muçulmano, que também realiza operações terroristas e apoia o Hamas, foi fundado em 1982, ano em que eclodiu a guerra entre Beirute e Tel Aviv.