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EUA usam quartos da rede Hilton para prender crianças imigrantes

Menores eram mantidos nos quartos enquanto aguardavam deportação, segundo agência AP; lei americana exige que crianças fiquem em abrigos ou lares adotivos

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 jul 2020, 12h07 - Publicado em 28 jul 2020, 11h47

O governo de Donald Trump usa quartos de hotéis para prender crianças imigrantes enquanto aguardam o processo de deportação, revelou uma reportagem da agência de notícias AP. Os menores eram mantidos em acomodações do Hotel Hilton no Texas e Arizona. A administração dos estabelecimentos afirmou não concordar com a prática e cancelou as reservas para as próximas semanas.

De acordo com a AP, as reservas foram feitas em nome de uma empresa privada contratada pela agência de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) em hotéis próximos à fronteira com o México. Os hotéis foram usados mais de 200 vezes, enquanto abrigos com capacidade para até 10.000 crianças permanecem vazios. Algumas das crianças detidas tinham menos de 1 ano de idade.

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Em abril, Donald Trump suspendeu temporariamente a imigração para o país durante a pandemia do novo coronavírus e em junho assinou uma ordem executiva que interrompe a emissão de determinados vistos de trabalho. No total, as suspensões evitarão que 525.000 imigrantes viajem aos Estados Unidos para trabalhar até o final do ano, de acordo com funcionários do governo.

O presidente ainda acelerou a deportação de imigrantes ilegais durante a crise sanitária. As leis americanas que tratam de crianças imigrantes exigem que menores de idade sejam enviados aos abrigos para aguardar deportação junto com sua família ou serem realocadas em famílias adotivas. Porém, com base nos decretos emitidos por Trump, as famílias têm sido expulsas do país com mais rapidez.

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O hotel Hilton na cidade de McAllen, no Texas, foi usado ao menos 123 vezes nos últimos dois meses para a detenção das crianças por vários dias seguidos. Outras duas unidades da rede em Phoenix, no Arizona, e El Paso, no Texas, também foram utilizados, mas com menos frequência.

Ao jornal New York Daily News, a rede de hotéis Hilton confirmou que reservava os quartos para a empresa privada contratada pela imigração americana, mas disse não ter conhecimento de que as acomodações recebiam imigrantes menores de idade. A política do hotel não permite o uso dos quartos para detenção de nenhum tipo.

A companhia hoteleira disse ainda que está tomando providências para acabar com a prática e que as reservas da empresa foram canceladas. Segundo a rede, não há mais imigrante ilegais hospedados em suas dependências no momento.

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Advogados e organizações de luta pelo direitos dos imigrantes dizem que alojar crianças desacompanhadas em hotéis significa expor os menores a muitos riscos, já que as acomodações não foram planejadas para crianças. “Eles criaram uma sombra no sistema e não assumem responsabilidade pela expulsão de crianças muito pequenas”, disse Leecia Welch, advogada do Centro Nacional de Direito da Juventude, à agência AP.

A agência de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) não quis comentar esta situação, embora tenha confirmado a existência de funcionários que estão  realizando o transporte das crianças para os hotéis.

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