EUA voltam a matar preso por fuzilamento após 15 anos
Brad Sigmon, hoje com 67 anos, foi condenado por matar os pais da ex-namorada em 2001

Pela primeira vez em 15 anos, os Estados Unidos se preparam para executar nesta sexta-feira, 7, um prisioneiro por fuzilamento. Brad Sigmon, de 67 anos, foi condenado por matar os pais da ex-namorada em 2001. Preso na Carolina do Sul, ele escolheu esse entre três métodos de pena capital — cadeira elétrica e injeção letal são os outros dois, alvos de críticas por execuções malfeitas, que levam detentos a agonizarem até a morte — por considerar o melhor entre as opções. Na quarta-feira, a Suprema Corte dos EUA recusou sua última apelação.
Desde 1608, ao menos 144 prisioneiros civis foram fuzilados como pena de morte nos EUA. A maioria aconteceu em Utah, estado do oeste americano, onde os legisladores em 1851 designaram três punições possíveis: tiro, enforcamento ou decapitação. Apenas três ocorreram desde 1977, quando o uso da pena capital foi retomado após uma pausa de 10 anos. De lá para cá, Idaho, Mississippi, Oklahoma, Carolina do Sul e Utah autorizam o uso de pelotões de fuzilamento em certos casos.
A brutalidade das execuções — que também já incluíram enforcamentos desleixados — levou ao surgimento da injeção letal, interpretada inicialmente como uma forma mais humana de morrer. Contudo, com o passar do tempo, tornou-se o método de execução mais comumente malfeito, mostram dados do Death Penalty Information Center.
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Entenda a história
A primeira execução desse modo foi registrada em Jamestown, Virgínia, em 1608. O capitão George Kendall foi acusado de motim e por supostamente conspirar com a Espanha. Em 1996, arqueólogos descobriram um corpo com balas nas paredes de um forte. Acredita-se que seja de Kendall.
Na Revolução Americana (1775-1783), execuções públicas por fuzilamento eram usadas, em alguns casos, para punir deserções. Mais tarde, na Guerra Civil dos EUA (1861-1865), 185 pessoas foram mortas por esse método durante o período. Em entrevista à agência de notícias Associated Press, Mark Smith, professor de história na Universidade da Carolina do Sul, disse que pelotões foram empregados por ambos os lados do conflito para “espetáculo público, uma visão de terror” para manter os soldados na linha.
“Um homem podia estar sentado em seu próprio caixão às vezes ou vendado, baleado por seis ou sete homens, um dos quais tinha uma bala de festim”, disse o professor. “Eram reuniões planejadas para chocar e funcionavam.”
Pelotões de fuzilamento eram usados principalmente apenas em Utah. Mas uma sentença de 1877 no estado deu origem ao primeiro caso da Suprema Corte dos EUA em que a pena capital era desafiado. Wallace Wilkerson, que atirou em um homem até a morte durante um jogo acirrado de cribbage, recorreu à decisão.
O tribunal, no entanto, rejeitou seu apelo ao concluir que a execução por pelotão de fuzilamento não traria “terror, dor e desgraça”, de forma a violar a proibição da 8ª Emenda sobre punição cruel e incomum. Supostamente embriagado e fumando charuto, Wilkerson se mexeu um pouco antes dos tiros, o que fez com levasse 15 minutos agonizantes até morrer.